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Santa Cecília da PB tem pior abastecimento de água do país, depende de carro-pipa e vive expectativa por obra

Município tem 99,5% da população com abastecimento de água inadequado, aponta Censo

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Catarina Scortecci
Curitiba

Uma cidade da Paraíba com menos de 8.000 habitantes tem a pior situação do país quando se trata de abastecimento de água.

Santa Cecília, fundada na década de 1990 quando se separou de Umbuzeiro, tem 99,5% da sua população com abastecimento de água inadequado, no diagnóstico feito pelo Censo de 2022 e divulgado nesta sexta (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Rubens Cavallari - 18.ago.22/Folhapress - Rubens Cavallari - 18.ago.22/Folhapress

"Há anos não existe nenhum projeto de abastecimento de água em Santa Cecília. O sertanejo vive de improviso. Mas ela tem menos de 30 anos e está começando a se desenvolver agora", diz o procurador do município, Elton Moura.

De acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta (23), o Brasil tem 49 milhões de habitantes sem atendimento adequado de esgotamento sanitário e 4,8 milhões de pessoas sem água encanada. Na imagem, Maria Auxiliadora Silva, 62, moradora da Chácara Três Meninas, no Jardim Helena, em São Paulo. A comunidade fica próxima ao rio Tietê e enfrenta esses problemas. Folhapress/Zanone Fraissat - 16.nov.2023

A coleta de esgoto cresceu no Brasil nas últimas décadas, de acordo com o Censo 2022, sendo que 75,7% da população têm acesso a esgotamento por meio de rede coletora, pluvial ou fossa séptica. Mas, os serviços ainda cobrem menos da metade dos habitantes do Norte do país, com 46,4%. Na imagem, Igarapé do Una, em Belém (PA), que recebe esgoto sem tratamento. Folhapress/Caio Guatelli - 1º.jan.2024

Dados do Censo 2022, mostram que 18,4 milhões de brasileiros não têm coleta de lixo, sendo que 7,9% dos habitantes disseram queimar o lixo no imóvel. O Maranhão é o pior estado nesse indicador, com 30% da população sem coleta. Na imagem, lixo amontoado em Belém (PA). Folhapress/Caio Gualtelli - 1º.jan.2024

Em três estados, menos da metade da população tinha acesso à rede geral de água como principal forma de abastecimento em 2022. São os casos de Amapá, Rondônia e Pará, todos na região Norte. Em 2022, a rede geral de distribuição era a principal forma de abastecimento de água para 82,9% dos brasileiros em domicílios permanentemente ocupados, o equivalente a 167,5 milhões de pessoas. Na imagem, represa Cachoeira do França, utilizada pela Sabesp para abastecimento da região metropolitana de São Paulo. Folhapress/Zanone Fraissat - 11.dez.2023

Ainda que a maior parte das casas conta com banheiros no interior da residência, em 2022, cerca de 2,4 milhões de pessoas dependiam de buracos ou sanitários simples —em cômodos sem instalações para banho. Em 367 mil domicílios não havia nenhuma dessas estruturas, o que indica que 1,2 milhão de pessoas enfrentam riscos a saúde. Na imagem, moradores do Jardim Helena, em São Paulo, que recebem água potável , mas enfrentam sérios problema de saneamento. Folhapress/Zanone Fraissat - 16.nov.2023

O levantamento do IBGE revela que mais pessoas estão vivendo em apartamentos, embora as casas ainda sejam predominantes no Brasil. A proporção de pessoas residentes em prédios saltou de 8,5% da população, em 2010, para 12,5%, em 2022. No ano 2000, eram 7,6% os que residiam nesse tipo de habitação. O fenômeno se concentra em poucas cidades. Só 49 dos 5.570 municípios do país possuem 25% ou mais da sua população morando em prédios. Na imagem, edifícios na região central de São Paulo.. Folhapress/Eduardo Knapp - 2.out.2023

São Caetano do Sul (SP), por exemplo, viu sua população moradora de prédios subir de 35,3% para 50,8% entre 2010 e 2022. O município é uma das únicas três cidades do país que rompem a marca de metade dos munícipes morando em prédios, ao lado de Balneário Camboriú (57,2%) e Santos (63,5%). Na imagem, o bairro Cerâmica na cidade do ABC.. Folhapress/Eduardo Knapp - 22.out.2024

Ele aposta na obra da rede de abastecimento de água que está sendo tocada pela Cagepa, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba ligada ao governo estadual. Moura classifica a obra como um "acontecimento histórico" para a cidade.

A inauguração está prevista para março. "A companhia concluiu a obra, que já se encontra em fase de testes", informou a Cagepa, em nota à Folha. O investimento foi de mais de R$ 3,8 milhões.

A companhia diz que assumiu recentemente o abastecimento de água de Santa Cecília, que era administrada pelo município e não possuía rede pública de distribuição de água.

"Os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) referente ao ano de 2024 vão refletir o benefício às famílias de Santa Cecília", continua a Cagepa.

Por enquanto, a maioria dos moradores da cidade se socorre a carros-pipa para garantir algum abastecimento de água.

"Hoje existe um sistema de abastecimento pelo Exército, de carro-pipa, a operação pipa, mas a prefeitura também contrata carros-pipa para reforçar. Tem um setor exclusivo na prefeitura, onde a pessoa faz o requerimento. Pode ser aonde for, o carro-pipa vai lá", diz Moura.

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