Mortes: Fez da universidade seu lar e dos amigos, irmãos
Amante de festas, Camila Florêncio conquistou novas famílias ao mudar de cidade para estudar
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Quando deixou a cidade natal para estudar engenharia química, Camila Florêncio trocou a pequena Santa Branca (SP), no Vale do Paraíba, com cerca de 14 mil habitantes, pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), com aproximadamente 27 mil alunos somente na graduação.
A conquista de outro estado foi mais um episódio da trajetória da jovem que enchia ambientes de alegria e animação. E com uma energia inesgotável, não deixou afrouxar o laço com a família durante essa jornada.
Seu pai, o professor Murilo Augusto Florencio, 49, conta como a filha tomava a iniciativa de organizar até os aniversários de seus amigos.
"Ela gostava muito de festas, queria muita gente por perto. Organizou o de um amigo meu de faculdade, que mora em Jaú, em janeiro, durante as férias. Fizemos a surpresa aqui em casa e ela conseguiu reunir a maioria dos colegas, até gente de Ribeirão Preto", conta o pai.
Muito "pegada" com a família como diz o pai, Camila sempre agitava uma programação para as visitas quinzenais a Santa Branca. Seu destino preferido era o sítio do avô Manoel Florencio, já falecido, o vô Manu. Também tinha paixão por animais, diz Murilo. O xodó da jovem era Kiara, uma pastora alemã.
Camila nasceu em agosto de 2002, e logo na infância já se destacava pela inteligência e pelo carisma, relembra a mãe, Renata Florencio, 51. Aos 17 anos foi aprovada para a UFPel (Universidade Federal de Pelotas), mas conversou com os pais e resolveu esperar para sair de casa.
Começou a estudar engenharia química durante a pandemia na Univap (Universidade do Vale do Paraíba) e, em seguida, prestou novamente o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e foi aprovada para o curso na UFRRJ, em Seropédica, na Baixada Fluminense. "Era o sonho dela de entrar em uma universidade pública", diz a mãe.
Quando se mudou para a cidade em 2022, depois de cursar disciplinas a distância, Camila rapidamente criou outras famílias, inclusive entre gerações diferentes de estudantes.
"Apesar da diferença de idade e de momento, a gente se conectou de cara", diz a professora de educação física Daniela Giffoni, 35, que se mudou no ano seguinte à chegada da jovem. Um dos assuntos em comum foi o futebol, paixão da educadora física e também da irmã mais nova de Camila, Lara Reis Florêncio, 13, que pratica o esporte.
Camila morreu em 22 de maio, aos 21 anos, ao ser atropelada por um caminhão enquanto voltava de bicicleta da universidade. Deixa os pais, a irmã e as outras famílias que cultivou pelo caminho.
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