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Descrição de chapéu Obituário Maria Regina Picanço Passos (1923 - 2024)

Mortes: Professora apresentou o balé clássico a Fortaleza

Maria Regina Picanço Passos conectou o Ceará ao cenário da dança nacional

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Amanda Queirós
São Paulo

O gosto pela dança fez parte da vida de Regina Passos desde a infância, mas a arte só virou profissão depois de um momento difícil — Seu marido, Luiz, estava ficando cego.

A notícia provocou dúvidas. Seria ele capaz de seguir administrando o depósito de bebidas com o qual pagava as contas? Com seis filhos para criar, Regina precisava de certezas.

No início de 1954, deixou Fortaleza rumo ao Rio de Janeiro com um único objetivo: aprender balé clássico. Queria abrir a primeira escola do gênero em sua cidade.

Maria Regina Picanço Passos (1923 - 2024) - Arquivo pessoal

Aos 30 anos, dividiu a sala da prestigiada academia de Tatiana Leskova com crianças e adolescentes. Após três meses, retornou e começou a ensinar a técnica no salão de ginástica de sua tia Lucy Barroso.

A novidade foi bem recebida pela sociedade cearense. Meninas lotaram o espaço em busca de boa postura e elegância. Novas turmas surgiram, e o negócio se ergueu.

Durante as férias, voltava ao Rio em busca de mais conhecimento e, ao fim de cada ano, realizava apresentações no Theatro José de Alencar, o mais tradicional de Fortaleza.

Para as coreografias, contava com a memória dos filmes vistos no cinema. A partir deles, montou uma versão do clássico "O Lago dos Cisnes".

Mais tarde, conectaria o Ceará ao cenário da dança nacional com obras assinadas por Dennis Gray, Jane Blauth, Ceme Jambay, Renato Magalhães, Débora Bastos e Consuelo Rios, sua primeira mestra.

Ao lado das alunas, Regina rodou pelo interior do estado e, em 1960, esteve na inauguração da TV Ceará, a primeira emissora local, na qual teve um programa semanal chamado "Na Ponta dos Pés". Por muitos anos, também preparou as candidatas a Miss Ceará.

Para a professora, vida pessoal e trabalho sempre foram uma coisa só. Desde a primeira sede, a academia dividiu espaço com a residência da família. Não surpreende, portanto, que três de suas quatro filhas tenham tomado seu mesmo caminho.

Cláudia Borges introduziu o jazz dance no Ceará e Vera Passos se tornou expoente do sapateado nacional. Tereza Passos permaneceu com a mãe no balé até o fim da academia, em 2009. Depois abriu uma escola própria, na qual continua o legado com as filhas.

Dona Regina, como era conhecida, ensinava não apenas as sequências de valsas e "pas de basques" de que tanto gostava. Sua tenacidade ressoava em cada aula como uma lembrança da importância de se batalhar pelo que se quer.

Morreu em casa, em 20 de junho, aos 101 anos. Na missa de sétimo dia, diferentes gerações que passaram por ela dançaram sua música favorita, praticamente uma biografia resumida: "Teimou e enfrentou o mundo, se rodopiando ao som dos bandolins".

Deixou 6 filhos, 25 netos, 39 bisnetos, 3 tataranetos e milhares de alunas que hoje levam adiante o seu amor pela dança.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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