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Incêndios cobrem cidades de fumaça, fecham rodovias e levam SP a criar gabinete de crise

Em Urupês, dois funcionários de uma usina morreram tentando combater o fogo; 30 cidades estão em alerta máximo

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São Paulo e Barretos (SP)

Incêndios de grandes proporções bloqueavam na noite desta sexta-feira (23) estradas que dão acesso a diversas cidades no interior de São Paulo, especialmente na região de Ribeirão Preto. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a criação de um gabinete de crise para atuar nas queimadas. Em Urupês, dois funcionários de uma usina morreram tentando combater o fogo.

O Centro de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil estadual colocou 30 cidades em alerta máximo devido a focos ativos. São localidades que estão com baixa umidade do ar e também enfrentam uma onda de calor.

Céu encoberto por fumação devido a incêndios de grandes proporções em matas e canaviais na zona rural no entorno de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo - Fotoarena/Folhapress

A situação é especialmente preocupante na área rural de Sertãozinho, que está sem acesso a municípios vizinhos como Pontal e Barrinha. Um dos principais focos atingiu a rodovia Carlos Tonani (SP-333).

O parque ecológico do município também foi fechado devido à aproximação do fogo, informou a prefeitura. A Secretaria de Saúde da cidade emitiu alerta sobre cuidados para a população, recomendando que as pessoas evitem locais onde há maior exposição à fumaça.

Um integrante do Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto afirmou que a situação na região é crítica e que a corporação vem recebendo muitas chamadas de diversas localidades.

Considerando bloqueios parciais ou totais em todo o estado, 17 rodovias foram interditadas. Motoristas devem evitar essas rotas até a normalização. Há também recomendação para que redobrem a atenção em todas as rodovias e, principalmente, para que não atravessem cortinas de fumaça.

Ribeirão Preto tinha no fim da tarde céu encoberto por fumaça e poeira, ganhando tom avermelhado, como consequência do fogo e da estiagem. Brodowski, Pitangueiras, Batatais e Bebedouro também foram atingidas.

Com mais de 200 quilômetros de distância em relação a Ribeirão Preto, as cidades de Campinas e Jundiaí também tinham céu encoberto.

Na capital paulista, o pôr do sol ficou avermelhado. A principal causa, nesse caso, é a fumaça de incêndios na região da amazônia, mas o fogo no interior do estado também tinha pequena parcela na piora da qualidade do ar. Em diversos pontos da cidade era possível observar fuligem.

Em Porto Ferreira, a fumaça prejudicava a visibilidade na rodovia Anhanguera, formando e filas de veículos.

Entre Brodowski e Batatais, a rodovia Candido Portinari sofreu interdição por mais de quatro horas, na altura do quilômetro 342. Isso gerou ao menos cinco quilômetros de congestionamentos, segundo motoristas.

"Estava indo para Ribeirão Preto para ir ao médico, mas provavelmente perderei o horário da consulta e já liguei na clínica para remarcar", disse o comerciante José Antônio Mouta, de Batatais, que passaria por atendimento em Ribeirão.

Também em Batatais, escolas como a ABE (Associação Batataense de Ensino) suspenderam as aulas de educação física nesta sexta.

As aulas presenciais também foram suspensas na Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Sertãozinho na quinta pelo mesmo motivo.

A série de incêndios atinge a região desde quinta-feira (22), causando prejuízos para a agricultura.

Ainda na quinta, duas pessoas ficaram feridas após a fumaça encobrir a trecho da na rodovia Brigadeiro Faria Lima, em Bebedouro, provocando um engavetamento envolvendo oito veículos.

Uma usina de açúcar e etanol de Luiz Antônio anunciou recompensa de R$ 30 mil para quem denunciasse criminosos que podem ter ateado fogo em suas lavouras. Não há confirmação de que os incêndios são criminosos.

A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) repudiou os incêndios na região de Ribeirão Preto, apontados por ela como criminosos.

"As queimadas prejudicam o meio ambiente, a segurança das pessoas e também a rentabilidade dos produtores rurais. Diante da baixa umidade do ar, falta de chuvas e temperaturas elevadas, toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está mobilizada contra os incêndios e comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente", diz a organização.

A entidade também afirmou os produtores de cana-de-açúcar e as usinas "não são os responsáveis pelos incêndios e, sim, que atuam para afastar o fogo de suas produções".

São Paulo entra na 'esteira de fumaça' da amazônia

O pôr do sol avermelhado na cidade de São Paulo foi provocado por incêndios na região da amazônia. Com contribuição menor, o fogo que bloqueia estradas no interior do estado também influenciou na piora da qualidade do ar.

Ventos partindo de noroeste são fenômenos que tipicamente antecedem passagens de frentes frias, como a que chegará a São Paulo neste fim de semana.

Em períodos de estiagem combinada a grandes incêndios no Norte e Centro-Oeste, um corredor de fumaça é formado, diz o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de operações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Imagens de satélite registram fumaça de incêndios mais próximas de MT e SP após aproximação de frente fria pelo Sul do Brasil - RAMMB/Cira/Noaa

"Estamos em uma esteira de fumaça vinda da amazônia, dando volta por Peru, Bolívia e se aproximando daqui", diz Seluchi. "É típico, antes da passagem da frente frente fria, haver ventos de noroeste, que trazem não só a fumaça, mas o aumento da temperatura", comenta.

Fogo e seca voltam a ser uma grande preocupação na amazônia neste ano. De janeiro até esta última quarta (21), a região registrou mais de 44,8 mil focos de calor, com aumento de 82% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Até julho, o acumulado era o mais crítico em duas décadas, e agora é o maior desde 2010, quando foram registrados quase 466 mil focos no período.

Céu vermelho é um fenômeno ótico, provocado pela refração de raios solares na poeira e fuligem. Em períodos de seca e, sobretudo, com a ocorrência de queimadas, o acúmulo dessas partículas é mais intenso. É sinal claro de que a qualidade do ar está ruim.

A principal fonte da fumaça está no sul da amazônia, no chamado arco de desflorestamento. Embora os ventos partam inicialmente de leste para oeste, eles encontram uma barreira na cordilheira dos Andes, mudando de direção e chegando a estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Esse mesmo vento também passa pelo interior paulista, também afetado por diversos focos de incêndio em áreas rurais. Isso contribui para a piora da ar na capital, embora em proporção muito inferior, segundo Seluchi.

Como diminuir os impactos negativos dos dias secos

Alguns cuidados ajudam a evitar problemas respiratórios

  • Qualidade do ar

    Procure manter-se informado sobre o nível de poluição em sua cidade

  • Exercícios

    Evite praticar atividade física ao ar livre entre as 10h e as 16h

  • Janelas

    Mantenha os ambientes bem ventilados

  • Umidade do ar

    Espalhe bacias com água e toalhas molhadas pela casa

  • Imunidade

    Valorize a ingestão de frutas e verduras

  • Hidratação

    Lembre-se de beber água

  • Idosos

    Observe sinais de desidratação, como boca seca e dificuldade para engolir, urina com cor e odor mais fortes, alteração na temperatura corporal, confusão mental e agitação

  • Vias aéreas

    Faça inalação e lave as narinas com soro fisiológico

  • Pele

    Lembre-se de usar hidratante após o banho

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