Mortes: Quilombola, foi referência nas lutas feministas e antirracistas
Lucimara Muniz era educadora ambiental e ativista social em Campo dos Goytacazes (RJ)
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Lucimara Pereira Muniz cresceu escutando os avós contarem histórias da época de escravidão no Brasil. Uma bisavó chegou a viver parte desse período doloroso do país e suas memórias foram repassadas para os descendentes. A experiência fez a menina se tornar uma adulta engajada em causas sociais, principalmente dos povos remanescentes quilombolas.
Tornou-se referência nas lutas feministas e antirracistas no estado do Rio de Janeiro. Lutava por justiça social, cobrava a demarcação fundiária das terras quilombolas e seu reconhecimento cultural.
Foi coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e vice-presidente da Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (Acquilerj). Também era fundadora do Instituto de Desenvolvimento Afro Norte Noroeste Fluminense (Idannf).
Uma das duas filhas de Eliane e Lucimar, nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ) em 1975. Foi criada no bairro Custodópolis, hoje reconhecido como quilombo urbano. Moravam no quintal da avó Esmeralda, onde as meninas aproveitaram o grande espaço para brincar.
Na adolescência, Lucimara praticava atletismo. Com 13 anos, chegou a receber convites para correr fora do país, mas foi impedida pelos pais.
Era muito estudiosa e dedicada. Na escola de freiras Laura de Vicuña, onde só estudavam meninas, aprendeu a bordar e pintar, entre outras atividades. Formou-se em letras na Faculdades de Filosofia de Campos dos Goytacazes.
Era pós-graduada em estudos ambientais pelo IFF (Instituto Federal Fluminense) e atuava como educadora ambiental em projetos sociais.
Sua rotina era muito corrida, e o telefone não parava. Estava sempre com a agenda lotada de viagens, a trabalho ou por questões dos movimentos sociais. "Chegava com uma mala e daqui a pouco estava viajando de novo com outra. Era muito comprometida com as coisas, determinada e incansável", conta a irmã Luciana Muniz, 42.
Lucimara era evangélica e tinha uma personalidade muito forte.
Nestas eleições de 2024, foi pré-candidata a vereadora pelo MDB. Até relutou em concorrer a cargos públicos, mas começou a ser cobrada pela comunidade, que dizia precisar de um representante no poder. Antes, chegou a ser filiada ao PT.
Morreu no dia 10 de agosto, aos 48 anos, em decorrência de uma trombose, após dois meses internada por causa de um AVC (acidente vascular cerebral).
Deixa o esposo, Jesus Amado, com quem era casada havia quase 20 anos, o pai, Lucimar, a mãe, Eliane, e a irmã, Luciana.
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