Descrição de chapéu Obituário Márcio Souza (1946 - 2024)

Mortes: Foi um grande nome da literatura amazonense

Márcio Souza era jornalista, dramaturgo, romancista e roteirista

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Juazeiro (BA)

Márcio Souza aprendeu a ler antes de começar a escola. De família judaica de Manaus, que levava a educação muito a sério, teve acesso ao Torá ainda criança. Era o começo de uma paixão pelas palavras que o tornou escritor.

Souza dizia que ser do "povo do livro" o fez valorizar a leitura. Quando menino, viajava na pequena coleção de livros mantida pelo pai. Sempre que voltava de viagem o operário gráfico levava publicações de presente para os filhos.

Na adolescência, Márcio fez parte dos jovens leitores que frequentam livrarias. Consumia literatura, revistas e jornais de todo o mundo e lia em outras línguas.

Um homem idoso está posando para a foto, usando uma camiseta listrada em vermelho e branco. Ele usa óculos escuros e tem cabelo grisalho. Ao fundo, há árvores e um céu com nuvens.
Márcio Souza (1946 - 2024) - Márcio Souza/facebook

Frequentando cinemas e teatros, criou intimidade com as artes. Via filmes americanos, japoneses e musicais indianos. Aos 13 anos já colaborava como crítico de cinema no jornal do qual o pai era sócio, O Trabalhista.

Após trabalhar um ano para juntar dinheiro, se mudou para São Paulo aos 17 anos. Estudou ciências sociais na USP, mas não se graduou por causa das perseguições da ditadura. Dedicou-se ao cinema, como roteirista para produtores da Boca do Lixo. Sua militância política o fez ser preso três vezes e obras de sua autoria foram censuradas.

Voltou para Manaus em 1973. Fez sua primeira inserção no Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio (Tesc) com montagens sobre a cultura local. Orgulhava-se de ter conseguido que os atores tivessem carteira assinada. Em seguida assumiu um cargo na Fundação Cultural do Amazonas.

Márcio Souza teve seu primeiro romance, "Galvez, Imperador do Acre", publicado aos 20 anos. Foram muitos em sua carreira, incluindo "Lealdade", prêmio APCA de 1997, e "Mad Maria", que virou minissérie da TV Globo em 2005. Suas obras têm traduções em mais de 30 países.

Destacou a amazônia em peças, romances e ensaios. "Ele colocava o Amazonas sempre em primeiro plano. Sempre foi crítico, mas com amor", afirma o produtor Robson Medina, 54.

Como diretor de teatro, era disciplinado. Não era rígido nem gritalhão, mas exigia compromisso. Se pudesse, ensaiava todos os dias. "Nos bastidores, com os amigos, era um cara extrovertido. Contava histórias do passado dele e muitas piadas", diz Medina.

Também foi presidente da Fundação Nacional de Artes, a Funarte, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e dirigiu a Biblioteca Nacional e o Departamento Nacional do Livro. E atuava como diretor da Biblioteca Pública do Amazonas.

O escritor, que ocupava a cadeira 25 da Academia Amazonense de Letras, morreu no dia 12 de agosto, aos 78 anos, após uma crise de diabetes. Ele deixa o irmão Amecy e quatro sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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