Mortes: Amante do campo, ajudou a reduzir mortes por infarto
Médico paulista defendia que os pacientes precisam sempre ser ouvidos
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Foi observando o pai que Antonio Carlos Carvalho desenvolveu interesse pela medicina. Filho de uma funcionária dos Correios e de um farmacêutico, aos 7 o menino já preparava injeções e ajudava a fazer curativos.
Nascido em Campinas, teve infância simples com os três irmãos em Leme, no interior paulista. Amava o campo.
Quis de todo jeito fugir da cidade grande. Na hora do vestibular, prestou só no interior. Passou em Botucatu. Mas acabou vindo para São Paulo com a mulher, Teresa.
Começou como médico voluntário na Escola Paulista de Medicina (que deu origem à Unifesp). Depois, iniciou ali a carreira docente.
Cardiologista renomado, foi um dos idealizadores da Rede de Infarto, que reduziu o índice de mortalidade em até 74% em unidades de saúde. Entre as medidas estava o treinamento de equipes, sistema de transferência rápida de doentes graves e emissão de laudos de eletrocardiogramas a distância.
Segundo dizia, o maior gargalo da área ainda é a integração entre poder público, sociedade médica e unidades de saúde. “Quem atende lá em Ermelino Matarazzo [distrito da zona leste, distante do centro] não é o cardiologista. Se ninguém fizer essa ponte, o conhecimento não chega na ponta, em quem mais precisa.”
Ele, que não teve filhos, se orgulhava da marca que deixava em seus alunos e residentes. “Esse pessoal é a continuidade do que a gente quer fazer. Algumas flores brotam e os lugares vão ficando mais bonitos. Fico feliz de ter participado disso.”
Uma de suas atividades favoritas era cuidar de um sítio, no interior de SP, onde contabilizou ter plantado, com a mulher, mais de 5.000 árvores.
Morreu nesta terça (8), aos 71. A causa não foi divulgada. Deixa a mulher, Teresa. “A grande sacrificada foi a minha esposa”, disse. “Sacrifícios têm que ser feitos. Os médicos mais novos, que estão chegando, precisam dessa orientação: o paciente geralmente está mais necessitado que você. É só por acaso que você está do outro lado da mesa. Hoje o paciente não consegue nem contar a história dele direito—e muitas coisas poderiam ser resolvidas de forma simples, só ouvindo-o.”
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters