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Instalação de grades em moradia da USP preocupa estudantes

Associação diz que reitoria planeja expulsar clandestinos; universidade nega que vá monitorar moradores irregulares

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São Paulo

Um projeto visando instalar grades no acesso ao Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) ainda neste mês, impedindo o trânsito livre por ali, gera discórdia.

De um lado, a reitoria diz querer apenas melhorar a infraestrutura das habitação e promover maior segurança aos residentes. Estes, por sua vez, afirmam que a instituição tem ignorado suas opiniões e planeja a obra somente para fazer uma varredura nos apartamentos, onde também vivem clandestinos.

"Acreditamos, sim, ser necessária uma política de proteção mais eficaz para dar conta dos casos de assédio, violência, agressão e furtos. Porém, acreditamos que ela deve ser debatida profundamente. Isso não aconteceu", diz Daniel Lustosa, presidente da AmorCrusp (Associação de Moradores do Crusp).

Prédios do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) - Folhapress

Ele afirma terem sido realizadas pela Prip (Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento), responsável pelo conjunto, apenas duas reuniões sobre o assunto. Segundo ele, só a universidade pôde falar em ambas. Nada de escutar os moradores dos apartamentos, que também teriam comparecido em pouca quantidade.

"Se parassem para saber nossas demandas, saberiam que a instalação de câmeras de monitoramento é muito mais importante para a gente do que o controle de acesso", afirma Lustosa. "Com isso, parecem querer imitar uma prisão. É preocupante."

A Prip, por sua vez, afirma ter realizado três debates com os moradores —em 17 de maio e nos dias 1° e 4 de julho. Nos encontros, segundo a pró-reitoria, todas as principais preocupações dos presentes foram sanadas.

Primeiro, sobre visitas. "A instalação dos portões de acesso não implica nenhuma nova restrição. Ou seja: visitas que cheguem com moradores são liberadas; visitas que chegam sozinhas são anunciadas por interfone e têm acesso com a liberação dos moradores", esclarece a USP.

Segundo, sobre saídas de emergência. O projeto dos portões, diz a universidade, permite uma área de fuga igual e, em alguns blocos, superior à existente atualmente.

Finalmente, sobre possível uso da fiscalização para barrar a entrada de moradores irregulares do conjunto, com ou sem matrícula vigente. Os matriculados foram acolhidos ali por não terem sido contemplados com vaga nos editais da universidade, tampouco possuírem condições financeiras para custear aluguel; os sem vínculo podem já ter sido alunos e optado por seguir no apartamento após conclusão do curso. E há aqueles totalmente estranhos à rotina acadêmica, que invadiram o espaço.

A AmorCrusp defende tratamento humanizado a todos os clandestinos, bem como análise caso a caso, e rechaça a expulsão compulsória de tais moradores.

A USP, contudo, afirma não haver relação entre a instalação do novo acesso e o monitoramento de moradores irregulares. O acesso aos apartamentos, diz, seguirá como sempre: aluno apresenta carteirinha, e visitantes são anunciados por interfone aos moradores.

Residem hoje cerca de 1.600 pessoas no Crusp. Destas, 300 estão irregulares, diz a AmorCrusp.

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