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Consumo de bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes cresce no mundo e estagna no Brasil

Estudo do BMJ mapeou dados de 185 países e mostra alto consumo na América Latina e Caribe; produtos aumentam risco de sobrepeso e obesidade

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São Paulo

Uma nova pesquisa publicada no British Medical Journal, um dos mais prestigiados periódicos científicos, mostra que, entre 1990 e 2018, houve um aumento de 23% no consumo global de bebidas açucaradas por crianças e adolescentes, de 3 a 19 anos. Refrescos, chás industrializados e refrigerantes, por exemplo, estão nessa categoria.

Em número de porções semanais, a média global em 2018 foi de 3,6, com variação significativa país a país. Por exemplo, no Sul da Ásia, o consumo médio semanal é de 1,3 porção; na América Latina e Caribe, chega a 9,1 porções.

Consumo de bebidas açucaradas cresceu no mundo entre crianças e adolescentes, diz pesquisa - AFP

No Brasil a história é um pouco diferente. Entre 1990 e 2018 houve um decréscimo de 3,29 porções semanais no consumo, o melhor desempenho entre os países mais populosos, chegando a 5,1. Na região, países como Paraguai (10,5), Equador (15,5) e Bolívia (10,8) puxam a média para cima.

Cada porção equivale a 248 g de bebida com açúcar adicionado e que tenha pelo menos 50 kcal de conteúdo energético, seja a bebida caseira ou industrializada. Não entram nessa conta sucos 100% de frutas e vegetais, bebidas artificiais não calóricas (como refrigerantes zero) e leite adoçado.

"O Brasil teve uma diminuição no consumo de bebidas açucaradas no período de 1990-2005, mas quase nenhuma mudança no segundo período de 2005-2018. Nossa hipótese é que a redução observada pode ser devido ao aumento inicial da conscientização sobre os efeitos prejudiciais das bebidas açucaradas na saúde, já que o Brasil tem sido um líder na área de nutrição há muitos anos", afirma à Folha Laura Lara-Castor, pesquisadora da Universidade Tufts e Universidade de Washington, que liderou o estudo.

A ingestão de bebidas açucaradas é apontada como uma das causas do aumento de obesidade no mundo. No mesmo período analisado pelo estudo do BMJ, de 1990 a 2015, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a porcentagem de crianças e adolescentes acima do peso saltou de 8% para 20%.

"As bebidas açucaradas tendem a ser os maiores contribuintes para a ingestão de açúcar, principalmente devido à sua forma líquida, que induz uma resposta de saciedade menor em comparação com alimentos sólidos. O aumento da ingestão de açúcar se traduz em calorias extras, que se transformam em aumento de peso corporal e altos níveis de glicose no sangue, principais fatores de risco para doenças cardiometabólicas, incluindo doenças cardiovasculares, a principal causa de morte globalmente, e diabetes tipo 2", explica Lara-Castor.

Uma das preocupações levantadas é o salto no consumo de mais de 100% em países da África Subsaariana, chegando agora a 2,17 porções por semana.

Globalmente, o consumo de bebidas açucaradas foi maior entre crianças e adolescentes mais velhos, residentes urbanos e filhos de pais com maior nível de educação, com variações regionais. Na América Latina e Caribe, porém, essas discrepâncias são menos evidentes, mostrando uma ubiquidade do problema. Na região, crianças de 3 a 4 anos já consomem, em média 4,4 porções semanais. O número chega a 11,5 para os jovens de 15 a 19 anos.

A abrangência do estudo, que contou com dados de 185 países, está sujeita a números sub ou superestimados, devido ao autorrelato em que se baseiam. Contudo, os autores destacam a força do trabalho para influenciar políticas mundo afora.

Para Lara-Castor, estratégias como a taxação de refrigerantes, restrições à propaganda de alimentos danosos à saúde, regulamentações de rotulagem frontal e restrições no ambiente escolar têm se mostrado eficazes em reduzir o consumo de bebidas açucaradas entre os jovens.

"Em países de menor renda, regulamentações complementares de publicidade geralmente estão ausentes ou são lideradas pela própria indústria alimentícia, o que pode resultar em conflitos de interesse. Também foi relatada forte oposição da indústria alimentícia à implementação ou atualização de impostos em alguns desses países", afirma.

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