Siga a folha

Descrição de chapéu Coronavírus

Veja o que se sabe até agora sobre as mutações do novo coronavírus

Dinamarca anunciou recentemente que sacrificará todos os visons do país por causa de uma mutação

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O governo da Dinamarca anunciou nesta semana que sacrificará todos os visons do país por causa de uma mutação do novo coronavírus que foi detectada nos animais.

O que essa mutação significa e quão efetiva essa medida é ainda não estão claros, já que os dados não foram compartilhados com a comunidade científica. Mas já é possível dizer que a notícia não deve gerar grande alarde ou preocupação. Mutações em vírus são comuns e não necessariamente alteram o comportamento e a periculosidade de uma doença.

O país informou a OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a mutação, que já teria infectado 12 pessoas na região de Jutland. A entidade afirmou ao jornal The New York Times que a Dinamarca está “investigando a importância epidemiológica e virológica dessas descobertas” e que está em em contato com o país para obter mais detalhes.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre mutações do Sars-CoV-2, o coronavírus causador da Covid-19.

O coronavírus sofre mutações? Isso significa que ele pode ficar mais perigoso?

É comum e esperado que os vírus sofram mutações. Portanto, não causa surpresa a existência de versões mutantes do Sars-CoV-2 e já há estudos sobre elas.

“Estão sequenciando várias mutações na Europa e isso é normal. Vamos esbarrar nelas e isso não é um problema”, diz Natália Pasternak, doutora em microbiologia pela USP e presidente do Instituto Questão de Ciência. “O que cada mutação representa precisa ser muito bem estudado. Ter mutação não significa sozinho algo bom ou ruim.”

Esper Kallás, infectologista e professor titular do departamento de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, afirma que a mutação de um vírus que causa um perigo maior é algo mais mais próximo da ficção do que da realidade.

Casos de mutação no Sars-CoV-2 já foram estudadas em Houston (EUA), por exemplo, segundo Raquel Stucchi, pesquisadora da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). A mutação observada, porém, não trouxe evolução clínica diferente.

No entanto, mutações com maior potencial de espalhamento, podem, de fato, acabar selecionadas, tornando-se mais presentes em relação a outras cepas, diz Kallás. “Do ponto de vista de seleção natural, a situação em que o vírus é menos perceptível e mais transmissível é melhor para ele.”

Outro ponto que pode trazer tranquilidade é o histórico viral da humanidade. “Viroses, de uma forma geral, mudam suas características ao longo do tempo durante um surto, uma epidemia ou uma pandemia? A regra diz que não.”​

As mutações podem levar a reinfecções?

De forma geral, sim, diz Stucchi. Atualmente, classifica-se como reinfecção alguém infectado por um Sars-CoV-2 com material genético distinto da primeira infecção.

A especialista afirma, porém, que esse conceito talvez tenha que ser modificado em breve, considerando que os pesquisadores ainda estão tentando entender a longevidade da imunidade à Covid-19.

É possível que as mutações atrapalhem futuras vacinas?

Não é possível responder a pergunta neste momento por causa da falta de estudos sobre o assunto, mas existe uma preocupação. Mas, sabendo do potencial de mutação de vírus, cientistas levam isso em conta nos testes.

Como exemplo, Pasternak diz que a farmacêutica Pfizer demonstrou, na fase 2 dos estudos para a vacina contra a Covid-19, que anticorpos gerados em pessoas que tomaram a vacina conseguiram neutralizar até mesmo cepas mutantes do Sars-CoV-2.

Faz sentido monitorar mutações em animais? É necessário matar os minques, como está fazendo a Dinamarca?

Os especialistas ouvidos pela Folha afirmam que é importante monitorar tanto as mutações podem ocorrer tanto em animais quanto em humanos.

No entanto, ainda não é possível afirmar se faz sentido sacrificar milhões de visons na Dinamarca.

Segundo os pesquisadores, é provável que se trate de uma ação preventiva, buscando evitar situações fora de controle. Stucchi afirma que poderia ser uma forma de impedir cadeias de transmissão e retransmissão entre animais e humanos, situação com possibilidade de causar um maior número de mutações no vírus.

“O coronavírus pula fácil de uma espécie para outra. Então, todo o tipo de vigilância é relevante em animais e humanos, e tem que ser feito com cuidado para não causar alarde”, diz Pasternak. “Saber quais são os vírus mutantes circulando é uma informação valiosa, mas não quer dizer que seja uma informação perigosa.”

Por fim, não é incomum também sacrifícios de grandes números de animais para evitar espalhamento de doenças com potencial pandêmico. Em fevereiro deste ano, por exemplo, a China exterminou mais de 18 mil frangos após um surto de gripe aviária C.

Um comunicado do governo afirmou que se tratava de um subtipo de H5N1 altamente patogênico. Além disso, trata-se de uma doença que pode ser transmitida para humanos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas