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Internações de jovens com Covid-19 geram sobrecarga no sistema de saúde de Araraquara

Mais saudáveis, pessoas com menos idade ocupam leitos por mais tempo, diz médico

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Ribeirão Preto

As internações cada vez mais frequentes de jovens diagnosticados com Covid-19 em Araraquara, identificadas após a circulação da variante brasileira, sobrecarregam ainda mais o sistema de saúde da cidade, que se tornou símbolo do avanço da doença em jovens em São Paulo.

Nesta quarta-feira (17), a cidade registrou mais cinco mortes causadas pela Covid-19, chegando a 94 apenas no mês de março, mais que as 92 registradas em todo o ano passado.

São 299 óbitos na pandemia, 207 deles em 2021, sendo 183 a partir de fevereiro, quando a variante P1 passou a ser predominante na cidade.

Estudo conduzido no IMT (Instituto de Medicina Tropical) da USP (Universidade de São Paulo) mostrou que, de 57 amostras de secreção nasofaríngea coletadas de pacientes com Covid-19 na cidade entre 25 de janeiro e 23 de fevereiro, 93% indicaram a presença dessa variante, que é mais transmissível.

Como atualmente 60% dos novos casos da Covid-19 na cidade estão sendo registrados em pessoas com idades entre 20 e 49 anos, o cenário preocupa autoridades de saúde.

“O organismo do jovem tem mais força para lutar, ele vai ter mais massa muscular, tem um sistema cardiovascular melhor que nos idosos. A doença pode até vencer, mas vai ter luta e vai demorar mais. Isso se reflete em internações mais longas”, afirmou Fabiana Araujo, coordenadora extraordinária de ações de combate à Covid-19 de Araraquara.

Um dos casos de longa internação foi de uma paciente de 42 anos, com comorbidades, que morreu depois de 30 dias internada.

Das 94 mortes de março, 9 foram de pessoas com menos de 40 anos, três delas sem nenhuma comorbidade. A maioria ficou internada ao menos duas semanas. Uma adolescente de 17 anos com comorbidades, por exemplo, ficou 25 dias no hospital.

Os hospitais precisaram, portanto, se organizar rapidamente após o surgimento da variante brasileira no município para as internações mais longas.

Paciente internado em leito de UTI da Santa Casa de Araraquara - Rubens Cavallari/Folhapress

Isso, aliado à maior transmissibilidade da variante, contribuiu para que os hospitais alcançassem 100% de ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e a cidade tivesse de decretar lockdown de dez dias a partir de 21 de fevereiro, com restrições maiores nos sete primeiros dias.

“Além dos leitos de UTI e enfermaria ficarem ocupados por mais tempo, temos um número maior de infectados e, consequentemente, de demanda por leitos. Não aceitamos nenhuma morte, mas se não aceitamos a de um idoso que tinha câncer e lutava para ganhar a batalha com a Covid-19, muito menos podemos aceitar a morte de um jovem saudável”, disse a coordenadora.

A mudança no padrão da doença em Araraquara, atingindo pacientes mais jovens, começou a ser percebida pelo setor de saúde em meados de janeiro, segundo o pneumologista Flávio Arbex, 38, diretor do centro de ensino e pesquisa da Santa Casa da cidade e docente da Uniara.

“Esses jovens têm reserva maior e os leitos de UTI ficam um tempo maior ocupados. [Na última semana] Dei três altas de pacientes jovens que ficaram mais de 20 dias internados na UTI. Tem esse contraponto, de que a gente consegue manter esses pacientes mais tempo”, disse.

Segundo ele, como gera uma sobrecarga no sistema, as pessoas precisam entender que decisões na pandemia não podem ser tomadas pelo número de mortes, mas de casos e testes positivados. “Porque essas pessoas vão ficar doentes em dez dias.”

Arbex disse ainda que a impressão clínica de quem está na linha de frente indica que os casos da nova variante na cidade são mais graves. “É preciso parar de aglomerar, de festas e, quando está em casa, não pode baixar a guarda nem com a família.”

O lockdown fez a cidade passar a ter menos novos registros da doença, mas nos casos de internações e mortes o prazo para resultado é mais demorado.

Com o incremento de novos leitos, Araraquara tinha nesta quarta-feira 97% de ocupação em UTIs e 78% em leitos de enfermaria.

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