Em apenas 16 dias, Araraquara já iguala recorde mensal de mortes por Covid

Com 5 óbitos nesta terça, inclusive o de uma adolescente de 17 anos, cidade atingiu os mesmos 89 de todo o mês de fevereiro

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Ribeirão Preto

Impulsionada pela circulação da variante P1 do coronavírus, Araraquara (a 273 km de São Paulo) registrou 89 mortes provocadas pela Covid-19 em apenas 16 dias, igualando o recorde mensal de óbitos desde o início da pandemia.

Março, que até esta terça-feira (16) já tem o mesmo número de mortes que fevereiro inteiro, deverá se tornar o mês mais mortal da doença na cidade do interior paulista até aqui, caso o cenário de registro de óbitos se mantenha.

Desde 10 de fevereiro —há 36 dias, portanto—, não houve um dia sequer sem o registro de mortes provocadas pelo vírus no município.

Depois de registrar 92 mortes em todo o ano passado, a cidade viu explodir casos, internações e óbitos a partir do final de janeiro, quando a nova variante começou a ser detectada.

De 24 mortes em janeiro, o total em fevereiro chegou a 89, praticamente o total de 2020 inteiro na cidade, marca que foi alcançada em apenas 16 dias neste mês.

Nesta terça, foram registrados cinco óbitos, entre eles o de uma jovem de 17 anos, que tinha comorbidades e estava internada num hospital particular desde o dia 19 de fevereiro. As outras quatro mortes foram de dois homens (de 50 a 58 anos) e duas mulheres (65 e 72 anos).

O cenário de avanço da variante, detectada a partir de estudo conduzido pelo IMT (Instituto de Medicina Tropical) da USP (Universidade de São Paulo), fez com que a cidade, governada pelo ex-ministro Edinho Silva (PT), decretasse lockdown de dez dias a partir de 21 de fevereiro.

Até postos de combustíveis foram fechados nos primeiros dias e supermercados só atendiam delivery —a mesma medida foi anunciada nesta terça pela Prefeitura de Ribeirão Preto.

O estudo analisou 57 amostras de secreção nasofaríngea coletadas de pacientes com Covid-19 em Araraquara entre 25 de janeiro e 23 de fevereiro e detectou que 93% delas indicaram a presença da nova cepa, que é mais transmissível.

“No setor privado, onde também trabalho, alas foram abertas, eram internadas 10, 15 pessoas por dia. O que antes internava em duas semanas passou a ser internado em um dia. Houve casos de mandar direto do consultório para internação. Foi uma avalanche”, disse o pneumologista Flávio Arbex, diretor do centro de ensino e pesquisa da Santa Casa e docente da Uniara.

De acordo com ele, a circulação da cepa detectada em Manaus gerou sobrecarga de trabalho a todos os profissionais de saúde na cidade. “Os dias ficaram cada vez mais longos e, as noites, cada vez mais curtas.”

Imagem mostra equipe de saúde com uniformes azuis atendendo paciente em maca na chegada ao hospital
Paciente é atendido por equipe de saúde ao chegar de ambulância à Santa Casa de Araraquara - Rubens Cavallari/Folhapress

O lockdown foi responsável pela redução de novos casos em Araraquara, mas internações e óbitos ainda não caíram. Para Arbex, a redução da pressão começará a ser sentida primeiro em leitos de enfermaria.

“A pressão por UTI [Unidade de Terapia Intensiva] existe e, como as mortes são um marcador tardio, o número de vagas de UTI vai demorar muito ainda [para cair]”, disse.

Araraquara tem nesta terça-feira 195 pacientes internados, dos quais 124 estão em leitos de enfermaria e 71 em UTIs. A ocupação de leitos intensivos está em 96%.

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