Siga a folha

Descrição de chapéu Coronavírus

Dois minutos de más notícias sobre Covid pioram o emocional das pessoas

Pesquisadores do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein descobriram que pouco tempo de relaxamento reverte o processo

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Apenas dois minutos de notícias ruins sobre a Covid-19 são suficientes para piorar o estado emocional das pessoas e três minutos de relaxamento são capazes de reverter o processo e melhorar o humor.

É o que diz um estudo do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein realizado no segundo semestre de 2020 e publicado recentemente na revista Internet Interventions, um dos principais periódicos científicos sobre aplicação da tecnologia da informação em saúde mental e comportamental.

O objetivo era avaliar como notícias positivas ou negativas poderiam interferir no estado emocional.

Enterro em vala comum do cemitério municipal Nossa Senhora Aparecida, em Manaus - Fabiano Maisonnave - 11.mai.2020/Folhapress

Para chegarem à conclusão, os pesquisadores Elisa Kozasa e Paulo Rodrigo Bazan avaliaram os resultados de um experimento online com 245 profissionais de saúde do Einstein, atuantes em hospitais públicos e privados, e 717 pessoas do público em geral, maiores de 18 anos, recrutadas através das redes sociais.

Cada participante assinou um termo de consentimento e respondeu a um questionário sobre seu estado emocional. Depois, foi sorteado para receber um áudio de notícias positivas ou negativas sobre a Covid-19 com duração de dois minutos e posteriormente teve o estado emocional reavaliado. Os pesquisadores compararam as respostas dos dois questionários.

O estado emocional foi medido em uma escala desenvolvida para avaliar quão ansioso, estressado, esperançoso, consciente sobre as emoções, irritado, desanimado, alegre, otimista e preocupado o participante estava se sentindo no momento da avaliação.

"Com dois minutos de notícias negativas, que basicamente falavam sobre a taxa de mortalidade e os óbitos de Manaus, as pessoas pioraram o estado emocional. Aquelas que ouviram as positivas, que na época eram sobre as vacinas chegando e as situações de solidariedade, com pessoas em acolhimento e entregando doações, melhoraram o emocional", explica Kozasa.

A pontuação foi atribuída ao estado emocional em três situações distintas: antes de ouvir notícias de conteúdo positivo ou negativo, logo depois de escutá-las e após passar por um relaxamento de três minutos, que consistiu em relaxar o corpo e prestar atenção à respiração em um ritmo lento.

"Depois de ouvir o áudio do relaxamento, o grupo de notícias negativas melhorou e o que tinha recebido notícias positivas melhorou ainda mais. O que a gente também vê de importante aqui é que mesmo as pequenas pausas podem fazer a diferença", diz a especialista.

Segundo a pesquisadora, os resultados mostram que é preciso prestar mais atenção no tipo de notícias que se consome. "Elas alteram o estado emocional em dois minutos. Vale para população em geral e, principalmente, para os profissionais de saúde, considerados sensíveis e de risco neste momento da pandemia", diz.

"Ficar consumindo notícias de conteúdo negativo pode potencialmente afetar nossa saúde, especialmente se associado a outras fontes de estresse comuns ao trabalho, contribuindo para a piora de doenças físicas, como as cardiovasculares, e sintomas de saúde mental, como insônia, depressão, esgotamento, ansiedade, medo de transmitir infecções, aumento da dependência de substâncias", afirma Kozasa.

"Piores escores no questionário emocional foram associados à presença de transtornos mentais e melhores escores à prática de atividade física ou meditação e ioga", completa.

Para a pesquisadora, é importante balancear as notícias que se consome. "É claro que é importante saber o que está acontecendo. A verdade está aí. Não só ouvir notícias negativas, mas também coisas boas. E talvez não seja só notícias, mas ouvir uma boa música, ter um tempo para entretenimento e tempo saudável para coisas positivas. É aprender a direcionar o olhar para as importantes facetas da vida."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas