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Célia Parnes

Solidariedade na pandemia

Juntos, podemos enfrentar a Covid-19 e amenizar a dor de quem tem fome

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Célia Parnes

Secretária de Desenvolvimento Social do estado de São Paulo

Vacinas costumam deixar no braço uma dor leve e passageira como lembrete da proteção que nossa saúde está recebendo. Já a fome, em certo sentido, é o inverso da vacina. Enquanto a imunização em massa é a chave para vencer a pandemia, a fome é imediata e deixa marcas profundas em quem não tem comida na mesa. Prejudica o desenvolvimento de crianças e provoca danos físicos e psicológicos em todos aqueles que sofrem por causa da insegurança alimentar.

De acordo com o braço brasileiro do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, a subalimentação já atinge quase 10% da população do país. Assim, a campanha Vacina Contra a Fome, anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na última semana e iniciada oficialmente na segunda-feira (5), é uma oportunidade para impedir que a insegurança alimentar se agrave ainda mais durante o momento mais agudo da pandemia. É uma ação materializada em um gesto simples, direto e efetivo.

Quando cada pessoa for ao posto de saúde para receber a vacina contra a Covid-19, basta levar um quilo de alimento não perecível, como arroz, feijão, macarrão ou leite em pó. As informações sobre a iniciativa estão disponíveis no site www.vacinacontraafome.sp.gov.br.

Mesmo quem já recebeu a vacina pode levar sua doação ao posto de saúde. Ou, então, pode aguardar o dia da segunda dose e entregar dois quilos de arroz, feijão, macarrão ou leite em pó, colaborando em dobro para que ninguém sofra com a fome.

Como todas as ações voluntárias, doa quem pode, cada pessoa oferece o que quiser e puder. Quem não pode contribuir receberá a vacina da mesma forma, aplicada pela ordem dos grupos prioritários, gratuitamente e de forma igualitária, obedecendo à fila estabelecida na campanha estadual de vacinação.

Mas oferecer ajuda a quem precisa torna a alegria e a esperança de receber a vacina ainda mais significativas. A ajuda extrapola nossos núcleos pessoais e será compartilhada com milhares de famílias. Quem já fez doações em outras ocasiões de crise conhece a força e a emoção de repartir o alimento com os mais humildes e desvalidos.

Antes mesmo do início oficial da campanha, a mobilização coordenada pelo governo do Estado já contava com a adesão de quase 400 prefeituras, representando o engajamento da maioria das cidades de São Paulo. Temos confiança de que, em breve, alcançaremos a participação de todos os 645 municípios.

Os gestores municipais conhecem sua realidade local, quais são e onde vivem as famílias em situação de vulnerabilidade. O esforço conjunto já obteve sucesso no programa Alimento Solidário, que distribuiu 1,75 milhão de cestas básicas desde o ano passado. Agora, o objetivo é ampliar ainda mais a rede de solidariedade, formada pela sociedade civil, iniciativa privada e poder público.

Com a campanha Vacina Contra a Fome, agimos duplamente em favor da vida. De um lado, quem se vacina fica mais protegido contra o coronavírus e menos suscetível a infecções de maior gravidade. De outro, cuidamos de famílias desassistidas e vulneráveis, marcadas por cicatrizes profundas provocadas pela fome.

Está comprovado que a imunização em massa e o isolamento social são peças-chave no combate à pandemia da Covid-19. Entretanto, a fome é imediata e desespera todas as pessoas que não têm comida na mesa. Juntos, podemos enfrentar a Covid-19 e, ao mesmo tempo, amenizar a dor de quem tem fome, em uma espécie de abraço social que nos antecipa a vitória no combate à pandemia.

Em São Paulo, pedimos que todos participem dessa corrente de esperança.

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