Argentina descarta vacinação contra dengue em meio a recorde de mortes pela doença
Porta-voz presidencial diz que imunidade contra a doença é obtida com a passagem do tempo
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O governo da Argentina descartou, nesta segunda-feira (18), incluir a vacina contra a dengue no sistema nacional que a tornaria gratuita e obrigatória, e questionou sua eficácia, em um momento em que o país atinge um recorde de 79 mortos em oito meses pela doença.
"A imunidade é obtida com a passagem do tempo, portanto, vacinando agora, essa imunidade só vai ser obtida em quatro meses, quando o mosquito não for mais um inconveniente, além de que a eficácia não está comprovada", disse o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em entrevista a jornalistas.
Ele afirmou que a decisão de incluí-la no calendário "não está na agenda", embora possa mudar no futuro.
Entre julho do ano passado e março "foram registrados no Sistema Nacional de Vigilância de Saúde 79 casos de falecidos por dengue, 69 deles no ano de 2024", informou no fim de semana o Ministério da Saúde. Especificou ainda que 22 deles ocorreram na última semana.
Até agora em 2024, foram relatados mais de 102 mil casos de dengue na Argentina, o que representa 86% dos 120 mil casos registrados, outro recorde.
O presidente argentino, Javier Milei, disse no domingo em uma entrevista que a crise da dengue é "parte do descaso do kirchnerismo", referindo-se ao governo anterior, que acusou de "não ter feito uma boa campanha há um ano".
A Qdenga ou TAK-003, vacina do laboratório japonês Takeda contra esse vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, está disponível na Argentina por cerca de 70.000 pesos (R$ 412) cada dose. O salário mínimo no país é de 202.800 pesos (R$ 1.196).
Eduardo López, médico infectologista do Hospital de Crianças de Buenos Aires, rebateu Adorni. "Os estudos mostram que as vacinas são seguras e eficazes", declarou ao canal C5N.
A virologista Andrea Gamarnik, especializada no vírus da dengue e pesquisadora do instituto Conicet, denunciou na rede social X que a Argentina está enfrentando "a pior epidemia de dengue da história", mas que não os "deixam trabalhar" porque, em sua opinião, o governo está desmantelando o sistema científico.
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