EUA proíbem último tipo de amianto ainda em uso

Empresas terão 12 anos para eliminar uso de amianto na fabricação

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Coral Davenport
The New York Times

O governo Biden finalizou nesta segunda-feira (18) uma proibição ao único tipo de amianto ainda utilizado nos Estados Unidos. Essa é a primeira vez desde 1989 que o governo federal do país toma medidas significativas para restringir o material industrial tóxico.

A regulamentação da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) deve proibir o uso, fabricação e importação do amianto crisotila, associado ao câncer de pulmão e ao mesotelioma —um câncer que se forma no revestimento de alguns órgãos internos.

Visão panorâmica de Wittenoom, que virou uma cidade fantasma, poluída por décadas de mineração de amianto
Antes um símbolo de prosperidade econômica, Wittenoom é agora uma cidade fantasma, poluída por décadas de mineração de amianto - Matthew Abbott/NYT

A crisotila é a única forma bruta de amianto conhecida por ser atualmente importada, processada ou distribuída para uso nos Estados Unidos. Conhecido como amianto branco, o mineral é usado em materiais de telhado, têxteis e cimento, bem como em juntas, embreagens, pastilhas de freio e outras peças automotivas. Também é um componente em diafragmas usados para fazer cloro.

De certa forma, a proibição é uma versão mais fraca de proposta anunciada pela agência em 2022, que exigia uma eliminação gradual de dois anos para a maioria dos usos comerciais.

A regra agora deve pedir que a proibição de importações comece assim que a medida entrar em vigor. Mas dará até 12 anos para que as empresas eliminem o uso de amianto na fabricação, dependendo da instalação. A mudança seguiu os esforços de lobby de empresas, como a Olin Corp., uma grande fabricante de produtos químicos, bem como de grupos comerciais, incluindo a Câmara de Comércio dos EUA e o Conselho Americano de Química.

"Com a proibição de hoje, a EPA finalmente está fechando a porta para um produto químico tão perigoso que foi proibido em mais de 50 países", disse o administrador da EPA, Michael Regan, em uma ligação telefônica com repórteres. "O presidente (Joe) Biden entende que essa preocupação atravessou gerações e impactou a vida de inúmeras pessoas."

Defensores da saúde que lutam há décadas para proibir todas as formas de amianto disseram que a nova regra é insuficiente. O mesotelioma afeta de forma desproporcional os bombeiros, que são expostos ao amianto por meio de prédios danificados e têm um risco muito maior de desenvolver o câncer do que a população em geral.

O Conselho Americano de Química, uma organização de lobby, havia pedido 15 anos para eliminar o uso de amianto. O conselho disse que eliminar o uso de amianto na fabricação de componentes de tratamento de água potável "causaria danos substanciais ao abastecimento de água potável da América e alarme injustificado para produtos no mercado que são essenciais para projetos contínuos de clima, sustentabilidade e infraestrutura."

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