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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Por título mundial, Nory superou lesões e entregou na hora certa

Ginasta brasileiro optou por série mais simples para vencer na barra fixa

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São Paulo

Logo que cravou a saída em sua apresentação na barra fixa, o ginasta brasileiro Arthur Nory, 26, bateu uma palma que fez voar pó de magnésio, vibrou e abraçou o treinador Cristiano Albino.

Neste domingo (13), na final do Campeonato Mundial de ginástica artística realizado em Stuttgart, pela primeira vez o atleta executou a série que treina desde março no nível que a comissão técnica almejava, o que lhe rendeu a nota 14,900, suficiente para superar o croata Tin Srbic (14,666) e o russo Artur Dalaloyan (14,533).

Com o título na Alemanha, Nory se juntou a um grupo seleto de ginastas brasileiros campeões mundiais, do qual fazem parte Daiane dos Santos, Diego Hypolito e Arthur Zanetti, os dois últimos ainda em atividade. Ao todo, representantes do país somam 14 medalhas nesses torneios.

"Sempre sonhei em cantar o hino nacional com o Brasil em primeiro lugar. Via na TV e, quando eu ia para o clube, ouvia e decorava o hino para um dia cantar no pódio, e hoje chegou esse momento que me emocionou muito. A ficha não caiu, mas é o resultado de um trabalho que estamos colhendo", disse Nory à Folha.

 

Albino, 45, é um dos profissionais que acompanham o atleta nascido em Campinas no clube Pinheiros e na seleção. Junto dele e do técnico Hilton Dichelli, conhecido como Batata, o paulista treina duas opções de programa na barra, um mais complexo e outro menos.

Nory foi o quinto dos oito finalistas a se apresentar. Ao ver que rivais já haviam cometido erros, optou pela sequência na qual se sente mais seguro --mesmo assim, tinha a maior nota de partida da final.

"Olhei para o Cristiano e ele disse que a decisão de qual série fazer era minha, mas que me apoiava 100%. Decidi fazer aquela [mais simples] da forma mais perfeita possível."

Na avaliação de Albino, Nory a executou com só uma "falha média". "Desde março, a gente passou por altos e baixos, o que gera uma expectativa grande para o momento final. É uma chance, e quando ele acerta do jeito que planejamos, já sabemos mais ou menos a nota que vai tirar", disse.

O técnico explicou que, em competições anteriores, falhas de execução deixaram Nory com um teto de 14,700. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, tirou 14,533 e ficou com a prata, atrás do compatriota Chico Barreto, que caiu nas eliminatórias do Mundial.

O objetivo de receber uma nota entre 14,800 e 15,100 acabou cumprido na hora certa.

Arthur Nory comemora após apresentação na barra fixa, no Mundial de ginástica, em Stuttgart - Thomas Kienzle/AFP

"Não é de agora que eu tenho conseguido bons resultados na barra. Fui quarto do mundo em 2015 e aquele resultado ficou engasgado. Venho trabalhando todo dia nesse aparelho, para que possa evoluir, até porque o foco agora é 2020", afirmou, em referência à Olimpíada de Tóquio.

 

Desde que foi medalhista de bronze no solo nos Jogos do Rio-2016, o atleta conviveu com várias lesões. Passou por uma cirurgia no ombro direito no fim de 2017 e neste ano descobriu ter um problema crônico no joelho esquerdo, que provoca desgaste da cartilagem e muitas dores.

Competir de uma forma estratégica virou obrigatório para o brasileiro. Movimentos que afetam o joelho, principalmente no solo e no salto, precisam ser bem dosados.

Em Stuttgart, ele abriu mão de fazer a prova de argolas nas eliminatórias, o que o tirou da disputa pelo individual-geral (hoje ele é o principal atleta generalista do país) para priorizar a barra fixa.

Albino explica que, dos seis aparelhos da ginástica artística masculina, Nory dedica 50% do seu tempo à barra. Em Tóquio-2020, o individual-geral voltará a fazer parte da lista de prioridades dele.

"Tem muitas pessoas por trás desse resultado. Tivemos muito trabalho da parte médica, de fisioterapia e biomecânica", disse o treinador.

A medalha de Nory, conquistada na última prova do Mundial da Alemanha, foi a única do Brasil na competição. Flávia Saraiva (quarto lugar no solo e sexto na trave) e o campeão olímpico de 2012 Arthur Zanetti (quinto nas argolas) não chegaram ao pódio.

O objetivo do país era classificar suas equipes completas para a Olimpíada do Japão. Conseguiu com o time masculino, mas não com o feminino, que não terminou entre as 12 primeiras posições e agora lutará por vagas individuais. Flávia já está garantida.

Medalhas do Brasil em Mundiais

Ouro

  • Daiane dos Santos (solo) 2003
  • Diego Hypólito (solo) 2005 e 2007
  • Arthur Zanetti (argolas) 2013
  • Arthur Nory (barra fixa) 2019


Prata

  • Daniele Hypólito (solo) 2001
  • Diego Hypólito (solo) 2006
  • Arthur Zanetti (argolas) 2011, 2014 e 2018


Bronze

  • Jade Barbosa (individual geral) 2007
  • Jade Barbosa (salto) 2010
  • Diego Hypólito (solo) 2011 e 2014

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