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Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Canadá conta com exemplo das mulheres e frio para ir à Copa do Mundo no Qatar

Líder das eliminatórias da Concacaf, seleção está perto da vaga e enfrenta os EUA

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São Paulo

A Associação de Futebol do Canadá resolveu encomendar um estudo em 2014. Era uma tentativa de mudar a situação não apenas do esporte no país, mas principalmente da seleção masculina. A feminina nunca foi problema.

Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo daquele ano, a equipe foi eliminada após levar uma goleada por 8 a 1 contra Honduras.

Cyle Larin (camisa 17), do Canadá, passa por zagueiro do México nas Eliminatórias - Walter Tychnowicz - 16.nov.21/USA Today Sports

O presidente da entidade, Victor Montagliani, abriu espaço para opiniões de torcedores. O que fazer? O resultado foi uma série de sugestões apoiada em quatros pilares: liderança técnica, desempenhos em campo de alto nível de forma consistente, medidas de governança e estímulo para que mais gente jogue futebol.

Oito anos depois, o Canadá está perto de um resultado histórico.

Neste domingo (30), a seleção recebe os Estados Unidos como líder da fase final das Eliminatórias da Concacaf (confederação das Américas Central e do Norte). Na última quinta-feira, se vingou de Honduras e ganhou por 2 a 0 fora de casa.

É possível que o time se classifique para a Copa do Mundo do Qatar na próxima semana, com três rodadas de antecedência. Para isso, terá de vencer os Estados Unidos e El Salvador (rival na próxima quarta-feira) e esperar que Panamá (14) e Costa Rica (12) não cheguem aos 16 pontos.

Garantem vaga no Mundial deste ano os três primeiros colocados. O quarto vai disputar repescagem contra adversário da Oceania.

"A classificação teria a capacidade não apenas de fazer o futebol crescer ainda mais e fazer com que mais pessoas o pratiquem. Creio que seria algo capaz de unir o país", afirma o atacante Cyle Larin, por meio da assessoria de imprensa da Associação.

Atacante do Besiktas, da Turquia, ele é o artilheiro das eliminatórias, com 11 gols. Dois deles anotados na vitória sobre o México por 2 a 1. Resultado que, ele admite, fez o elenco acreditar que é muito possível a vaga no torneio do Qatar.

O Canadá tem apenas uma participação em Copas. Apesar de contar com elenco repleto de jogadores semiprofissionais, não deu vexame no México, em 1986. Perdeu as três partidas que disputou, mas com placares respeitáveis. Levou a França ao limite e foi derrotada apenas com um gol no final. Acabou batido também por Hungria e União Soviética (2 a 0 em ambos os duelos).

As condições do futebol no país eram precárias. Maior artilheiro da história da seleção, com 22 gols, o meia-atacante Dwayne De Rosario escreveu em sua autobiografia ("Dero: My Life", sem publicação no Brasil) que tinha de devolver a camisa ao final de cada partida. Ela seria usada por algum atleta das categorias de base.

Ao ser eleito o melhor jogador canadense da temporada de 2006, teve como prêmio um vale-presente da Sony.

O futebol feminino é a referência no futebol do país. Quarto colocada na Copa do Mundo de 2003, foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e Rio-2016. Em Tóquio-2020, conquistou o ouro.

"Para ser honesto, as mulheres sempre foram o exemplo. Durante todo o tempo em que estou na seleção, nós temos tentado alcançá-las e atingir o mesmo nível delas. Acho que homens e mulheres vão se sentir orgulhosos por sermos a geração que realmente fez algo especial e conseguiu o respeito que merecemos", disse o zagueiro Kamal Miller, em entrevista ao site da Fifa.

Para elevar o patamar, o time masculino bebeu na fonte do feminino e contratou o técnico inglês John Herdman, que comandou a seleção canadense de mulheres nas duas medalhas olímpicas de bronze. A mudança causou uma comoção no futebol nacional.

Diferentemente dos eternos favoritos México e Estados Unidos, que entraram nas Eliminatórias apenas no octogonal final, o Canadá disputou as duas fases anteriores. Teve de passar por Suriname, Bermudas, Ilhas Cayman, Aruba e Haiti. Não são adversários capazes de consagrar nenhuma equipe, mas Herdman usou esse tempo para afinar o estilo de jogo da sua equipe. Em 15 jogos até agora, está invicto.

Ele também está disposto a lançar mão de todas as armas possíveis. Uma delas é o frio. A partida contra os Estados Unidos está marcada para a cidade de Hamilton, na região de Ontário. A sensação térmica na hora da partida (às 17h locais) pode chegar a -13ºC. Na vitória sobre o México, em Edmond, era -14ºC.

"É uma vantagem que temos. Vamos aproveitá-la", resumiu.

O treinador conta também com a melhor geração da história do futebol canadense. A joia da coroa é o lateral e ponta esquerda Alphonso Davies, 21, do Bayern de Munique. Nascido em um campo de refugiados em Gana, filho de pais que fugiam da guerra civil na Libéria, mudou-se aos cinco anos para o Canadá.

Ele não fez parte da última convocação. Após se recuperar da Covid-19, teve detectada uma inflamação no coração. Embora o clube alemão diga não ser nada mais sério, Davies vai ficar afastado de dois a três meses.

A responsabilidade ofensiva ficou ainda maior para Larin e Jonathan David, 22, do Lille, vice-artilheiro do Campeonato Francês, com 12 gols. Dois a mais que Mbappé.

A campanha atual pode ser o início de uma virada para a modalidade em país que venera o hóquei no gelo. Relatório produzido pelo Canada Youth Sports mostra que o futebol é o segundo esporte mais praticado pelos jovens de 3 a 17 anos. Perde apenas para a natação. No G7, grupo das nações mais ricas do mundo, o Canadá é a que tem a população mais jovem.

A classificação para a Copa do Qatar pode significar também duas participações seguidas no Mundial. Em 2026, o Canadá será sede, ao lado de México e Estados Unidos. Por tradição, organizadores se classificam sem precisar passar pelas Eliminatórias.

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