Lancellotti ensinou uma geração de brasileiros a acompanhar o futebol da Europa
Bon-vivant por profissão, Silvio deixou legado nos domingos esportivos
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Uma parte da cultura do futebol internacional no Brasil começou com Silvio Lancellotti. Não que tenha sido um pioneiro. No passado, Luiz Mendes, no Rio, ou Solange Bibas, em São Paulo, traziam à sua maneira os resultados e tendências do exterior. Ou Roberto Petri, que se dizia torcedor do San Lorenzo, embora sempre são-paulino de quatro costados.
Mas Lancellotti integrou a equipe de comentaristas da Bandeirantes, o canal de esportes, quando o Campeonato Italiano ajudava a ensinar uma geração de brasileiros a entender o que eram o Milan, dos holandeses Gullit e Van Basten, a Internazionale, dos alemães Brehme e Matthäus, o Napoli, de Careca e Maradona.
Quando a Band começou a transmitir o Italiano, nas manhãs de domingo, o primeiro comentarista foi Flávio Prado. Logo depois, com obrigações de Copa do Mundo por perto, misto de repórter e comentarista, Prado cedeu seu lugar a Lancellotti. As transmissões tinham narrações de Silvio Luiz e a companhia especial de Giovanni Bruno, só para dar o gostinho da culinária e das histórias da Itália.
Naquela época, Silvio Lancellotti dava inveja. Tinha uma antena parabólica em sua casa e dissertava sobre jogos que a TV do Brasil não mostrava. No fim dos anos 1980, começo dos 1990, não havia ainda TV por assinatura e as parabólicas eram o jeito de assistir aos times mais fortes do mundo, no meio de semana –a Band mostrava a Serie A da Itália aos domingos.
Também escrevia na Folha semanalmente, às vésperas da Copa do Mundo da Itália. Nem tudo o que Silvio Lancellotti contava era absolutamente crível. As histórias de Sebastiano Rossi, o goleiro do Milan, caçador de tubarões. Ou quando dizia, mais tarde, já na ESPN, que frequentava a concentração da Argentina, na Copa de 1990, com uma fita métrica, para medir o diâmetro do tornozelo machucado de Maradona.
Silvio era um contador de histórias. Arquiteto por formação, trabalhou como jornalista a partir de 1968, passou por redações importantes, a partir da revista Veja. Corintiano no Brasil, Juventus na Itália, bon-vivant por profissão.
Deixa o prazer pelo bom gosto, pelas coisas boas da vida. E, como legado, uma geração que aprendeu a assistir ao futebol da Europa com seus comentários e análises.
Mille grazie, Silvio!
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters