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Arábia Saudita recorre ao futebol para limpar imagem

País que levou Cristiano Ronaldo tem plano de receber Copa do Mundo de 2030

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Riad (Arábia Saudita)

Empenhada em receber a Copa do Mundo de 2030, a Arábia Saudita conduz uma agenda para limpar a sua imagem, abalada em meio a acusações de violações dos direitos humanos e truculência por parte de seu governo.

Como trunfo, os sauditas estão dispostos a organizar eventos esportivos internacionais e a atrair estrelas do futebol mundial. Para isso, contam com recursos do Fund Investiment Public, fundo que pertence à família real e tem patrimônio estimado em R$ 2,5 trilhões.

O português Cristiano Ronaldo, contratado pelo Al Nassr com salário anual de R$ 1 bilhão, puxará essa fila, acreditam os sauditas. Durante a passagem do Paris Saint-Germain em Riad para um amistoso, foram repetidos boatos entre torcedores e jornalistas árabes sobre uma eventual contratação de Lionel Messi.

O repórter argentino Miguel Osovi, convidado pela organização para acompanhar a partida, teve que responder sobre o destino de Messi.

Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo durante amistoso na Arábia Saudita - Giuseppe Cacace - 19.jan.23/AFP

Riad recebeu, entre domingo (15) e quinta-feira (19), as decisões das Supercopas da Espanha (Barcelona 3 a 1 sobre o Real Madrid) e da Itália (Internazionale 3 a 0 sobre o Milan), além da vitória do PSG por 5 a 4 sobre o combinado Al Nassr/Al Hilal. O amistoso ganhou grande repercussão por causa do duelo entre Cristiano e Messi.

O saldo da Copa do Mundo no Qatar animou ainda mais os árabes. O evento esportivo mais popular da Terra colocou Doha, com menos de 3 milhões de habitantes, no centro do mundo por um mês.

Com uma decisão de título empolgante, a competição maquiou denúncias de suborno e de abusos aos direitos humanos. Muitos trabalhadores migrantes contratados para construir as instalações do Mundial foram feridos e mortos nas obras.

"As pessoas aqui, na Arábia, amam o futebol, e a realização de uma Copa traz uma publicidade muito positiva para o país. Olha o exemplo do Qatar", disse Bassam Harram, que nasceu na Síria e há sete anos mora em Riad.

Antes mesmo de a bola rolar em Doha, os sauditas vislumbravam no futebol esse efeito de maquiagem.

Tido como um dos líderes mundiais mais repressores, o príncipe Mohammad bin Salman encabeça um plano, batizado de "Visão 2030", para fomentar o turismo e atrair multinacionais à Arábia Saudita.

O país tem oferecido às empresas estrangeiras subsídios financeiros e suporte para treinamento de recursos humanos. Há um anseio entre os sauditas de reduzir a dependência do petróleo, que hoje representa quase 70% de suas receitas, e diversificar a economia.

Na Copa em Doha, Salman, chefe de fato da nação, esteve acompanhado de uma comitiva e se sentou ao lado de Gianni Infantino, presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol).

A sede do Mundial em 2030 será definida pela Fifa até o ano que vem. Até o momento, há pretensões de uma candidatura conjunta de Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, assim como uma dividida entre Espanha, Portugal e Ucrânia –a competição de 2026 terá jogos no Canadá, nos Estados Unidos e no México.

A candidatura da Arábia Saudita pode seguir o modelo compartilhado e incluir Egito e Grécia.

Enquanto isso, o país do Golfo Pérsico vem comendo pela beiradas em outras modalidades. Estreou no circuito da F1 em 2021 e receberá os Jogos Asiáticos de Inverno de 2029.

No futebol, os sauditas se esforçam para fazer a lição de casa. Após o Mundial da Rússia em 2018, a Federação de Futebol da Arábia Saudita passou a oferecer bolsas para crianças e jovens treinarem por quatro anos na Espanha.

O acesso do público feminino aos estádios foi liberado em 2018, mesmo ano em que as mulheres também ganharam o direito de dirigir. Quatro anos antes, uma mulher, que comprou ingresso pela internet e entrou disfarçada no estádio, foi detida durante partida da Liga dos Campeões da Ásia.

Há questões que dificultam o êxito de uma candidatura saudita. Sob a lei islâmica, as sauditas são obrigadas a vestir a abaya (túnica que cobre o corpo) e o hijab (véu sobre cabeça e pescoço) para esconder as formas do corpo.

O país ainda é assombrado por execuções. Um levantamento feito pela agência de notícias AFP, baseado em informações da mídia, aponta que autoridades sauditas executaram 24 pessoas entre janeiro e outubro do ano passado. As execuções geralmente se dão por decapitação.

Outra barreira é em relação às bebidas alcoólicas, cuja venda e consumo são proibidos na Arábia Saudita. Uma das principais patrocinadoras da Fifa e do Mundial é a marca de cerveja Budweiser.

Isso já foi um problema no Qatar, mas na sede da última Copa a legislação é mais branda. A cerveja foi vetada nos estádios, porém pôde ser consumida em estabelecimentos pelo país e nas festas oficiais para torcedores, as Fan Fests.

O repórter viajou à Arábia Saudita a convite da organização do Riyadh All-Star, que teve como atração o duelo PSG × Al Nassr/Al Hilal

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