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Justiça francesa investiga remuneração de presidente do comitê organizador de Paris-2024

Medalhista olímpico Tony Estanguet recebeu R$ 1,4 milhão pelos serviços prestados

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Alexandre Hielard Tiphaine Le Liboux
Paris | AFP

O presidente do COJOP (Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024), Tony Estanguet, queria um evento olímpico "exemplar", mas, a menos de seis meses do seu início, o sistema de justiça financeiro francês conduz uma investigação sobre sua remuneração.

Uma fonte próxima do caso disse nesta terça-feira (6) à AFP que a Procuradoria Nacional das Finanças (PNF, na sigla em francês) abriu uma investigação, que encomendou "na semana passada" à Polícia Judiciária. O Ministério Público não quis comentar.

"A comissão organizadora está surpresa ao descobrir esta informação", reagiu a COJOP à AFP, garantindo que a remuneração do seu presidente "está regulada com muito rigor".

Tony Estanguet, presidente do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024 - Christophe Archambault - 13.mar.2023/AFP

Até 2020, o medalhista olímpico da canoagem ganhou 270 mil euros brutos (US$ 290,2 mil; R$ 1,45 milhão), segundo números divulgados pela COJOP em 2018, uma remuneração que pode oscilar em 20% dependendo de determinados objetivos.

No entanto, este valor deveria ter sido inferior, tendo em conta o estatuto jurídico do comitê da França.

Segundo matéria recente da publicação Le Canard Enchaîné, o atleta criou então uma empresa que cobra "serviços não comerciais" ao comitê que dirige.

Isto levanta questões sobre o controle "da realidade e da qualidade dos serviços" prestados pela empresa de Estanguet, acrescentou o jornal em outubro.

"O primeiro conselho de administração da comissão organizadora decidiu e validou no dia 2 de março de 2018 a remuneração de Tony Estanguet, na sua ausência, de forma soberana e independente", indicou a COJOP.

"Montagem atípica"

O valor foi decidido sob proposta de uma "comissão de remunerações" composta por "peritos independentes", tendo o auditor geral econômico e financeiro do Estado validado as "modalidades de pagamento" após consulta à Segurança Social, especificou esta fonte.

"O valor das faturas inerentes a esta remuneração é objeto de auditoria anual" por uma unidade interna e "independente do executivo da comissão organizadora" e de "exame pela comissão de remunerações", por uma "vontade de transparência ", observou a instância.

No início de 2021, dois relatórios da AFA (Agência Francesa Anticorrupção) sobre a organização dos Jogos Olímpicos apontavam "riscos" de falta de probidade e "conflito de interesses".

Num desses relatórios, a AFA referiu o caso da empresa de Estanguet como uma "configuração atípica" que "não está isenta de dificuldades", lembra Le Canard Enchaîné.

A justiça francesa abriu outras três investigações financeiras referentes à organização dos Jogos Olímpicos devido a suspeitas de favorecimento e desvio de fundos na assinatura de contratos.

A questão da remuneração dos principais dirigentes do comitê organizador dos Jogos já gerou polêmica em 2017, quando o COI (Comitê Olímpico Internacional) concedeu a prova olímpica a Paris.

Le Canard Enchaîné relatou então um salário de 450 mil euros por ano (US$ 483 mil; R$ 2,4 milhões) para Tony Estanguet, o que o tricampeão olímpico rapidamente negou.

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