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Basquete do Brasil irrita LeBron e vive 'verão lindo'; agora, tenta entender o que quer

Após vaga olímpica suada e campanha celebrada nos Jogos de Paris, futuro da seleção é uma incógnita

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Paris

Não era de lamentação o ambiente entre os jogadores da seleção brasileira após o massacre sofrido diante dos Estados Unidos, na noite de terça-feira (6), no torneio olímpico masculino de basquete. Boas memórias foram construídas na campanha até as quartas de final dos Jogos de Paris –entre elas escoriações em LeBron James. "Um verão lindo", resumiu o técnico Aleksandar Petrovic.

O que vem pela frente ninguém parece saber.

A começar pelo próprio treinador, solução emergencial que dirigiu o time sem contrato na França e não sabe se vai ficar. Se permanecer, deverá promover uma mudança de estilo e não terá mais à disposição uma de suas referências, o armador Marcelinho Huertas, que deixou de vez a formação nacional, aos 41 anos. Quem assume o posto de líder?

Huertas é aplaudido pelos companheiros no adeus - Folhapress

Sem uma visão clara do futuro, o melhor é celebrar o presente. E estar entre os oito quadrifinalistas da disputa olímpica foi apontado como motivo de orgulho. A equipe verde-amarela não havia se classificado aos Jogos de Tóquio, em 2021, e só obteve sua vaga para Paris na última chance, de maneira surpreendente, com uma vitória sobre a respeitável Letônia na Letônia.

Petrovic havia acabado de reassumir a seleção, após uma passagem de 2017 a 2021, como um arranjo de última hora para a disputa do pré-olímpico. Próximo dos principais dirigentes da CBB Confederação Brasileira de Basketball), retornou após a demissão de Gustavo de Conti, que tinha uma relação conflituosa com esses mesmos dirigentes.

Após um período de treinamentos em Blumenau, a equipe embarcou à Letônia e fez um campeonato irregular, mas suficiente para o grande objetivo. Na decisão, superou os donos da casa, para choro de Marcelinho Huertas, que já tinha anunciado sua aposentadoria do time, porém atendeu aos apelos para ajudar uma última vez.

"A trajetória do Marcelinho é única. Se ele não tivesse tomado a decisão de se juntar a nós, não teríamos chegado aos Jogos Olímpicos", disse Petrovic, que precisou do veterano especialmente por causa dos problemas físicos de Yago e Raulzinho. "Ele optou por ajudar, e essa é uma característica enorme do Marcelinho. É um grande capitão. Até me dói um pouco agora."

Classificado, o Brasil caiu em uma chave dificílima em Paris, com a dona da casa, França, e a atual campeã mundial, Alemanha –ambas estão nas semifinais. Venceu apenas o Japão, com uma boa margem de pontos, e avançou às quartas. Aí, teve pela frente LeBron James, Stephen Curry e Kevin Durant, um massacre de 122 a 87.

"Eles têm uma superioridade física, técnica, eles têm um investimento muito maior desde a base, que faz diferença. Mas acho que a gente fez um bom jogo, não desistiu. A gente é brasileiro. Quando a gente cai, cai atirando", brincou Georginho, que deixa a França com uma história para contar: irritou LeBron James.

Já no segundo tempo, buscou um rebote de ataque e fez a cesta no tapinha. No meio do caminho, seu cotovelo acertou o rosto de James, que precisou levar quatro pontos no supercílio esquerdo. O brasileiro imediatamente foi checar a situação do adversário e repetiu o gesto ao fim do jogo, mas não lhe conquistou a simpatia.

"Eu pedi desculpa, porque fui dar um tapinha ali, acho que meu cotovelo tocou no rosto dele, coisa do jogo. No final, ele virou a cara para mim, mas não tem o que fazer. É coisa do jogo, acontece, paciência", disse o ala. "No momento do jogo, a gente não pode tratar esses caras como celebridades. São humanos e nossos adversários."

Terminada a partida, porém, Georginho se permitiu observar "a grandiosidade" de enfrentar grandes nomes do basquetebol mundial e mencionou lances em que levou vantagem sobre Anthony Davis e Jayson Tatum. Até mesmo Bruno Caboclo, que esteve na NBA de 2014 a 2021 e está mais habituado a enfrentar os craques, afirmou: "Foi uma experiência bem doida".

Segundo Petrovic, o Brasil poderia ter ido mais longe se não tivesse dado de cara com os Estados Unidos nas quartas. Mas ele logo foi da breve lamentação à exaltação de "um verão lindo", "dois meses lindos". Meses nos quais nem sequer recebeu salário, em arranjo com seus amigos da CBB –o presidente Guy Peixoto e o diretor Marcelo Pará.

O croata de 65 anos não sabe se esse arranjo será renovado de alguma forma. Depois de ter basicamente deixado a aposentadoria "para ajudar os amigos", disse que vai passar algum tempo com as netas e deverá encontrar os dirigentes da confederação em setembro, em Zagreb, onde ocorrerá um evento em homenagem a seu irmão, o lendário jogador Drazen Petrovic.

Aleksandar parece disposto a continuar e já deu indicações da diretriz que seguirá em caso de permanência. Segundo ele, é necessário igualar a força física dos adversários para ter maiores chances nas grandes competições. O treinador observou jovens com esse protótipo e vê neles o caminho para o futuro, ainda incerto.

Por enquanto, é hora de aproveitar um verão lindo.

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