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COI condena ataques a atletas, fala em 'guerra cultural' e admite nova regra de gênero pós-Paris-2024

Entidade diz que boxeadora argelina 'nasceu mulher, foi registrada como mulher, viveu sua vida como mulher e lutou boxe como mulher'

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Paris

O Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou que está dando acompanhamento às duas pugilistas acusadas de competir indevidamente nos Jogos Olímpicos por não atenderem a critérios de gênero da federação internacional de boxe. E condenou a "guerra cultural" em torno do caso.

O caso tornou-se uma polêmica mundial depois que a lutadora argelina Imane Khelif derrotou a italiana Angela Carini, em combate na quinta-feira (1), e passou a ser atacada nas redes sociais.

"Estamos em contato, desde ontem, em termos de proteção", disse Mark Adams, diretor de comunicação do COI, respondendo à Folha, sem especificar como essa proteção ocorre na prática. "É um caso bastante sério", prosseguiu. "Está acontecendo muito abuso online, e abuso muito desinformado. Estamos em contato bem de perto com os atletas e seus estafes."

Imane Khelif, da Algéria, deixa o ringue após vitória contra a italiana Angela Carini - AFP

Mark Adams acrescentou que, após os Jogos de Paris, é provável que ocorra um debate sobre a adoção de uma norma geral para os critérios de gênero nos esportes olímpicos. Não deu, porém, detalhes do que poderão ser essas normas. "Se um dia houver um consenso, seremos os primeiros a aplicá-lo."

Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting haviam sido banidas em 2023 pela Associação Internacional de Boxe (IBA), após "testes de laboratório" para avaliar o gênero de ambas. Porém, o COI não reconhece a autoridade da IBA e organiza por conta própria o torneio olímpico de boxe. Assim, decidiu ignorar a decisão da associação e adotar como critério simplesmente o gênero que consta do passaporte delas, ou seja, o feminino.

A despeito de não haver informações detalhadas do resultado dos testes feitos pela IBA, personalidades como a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o senador brasileiro Sergio Moro, a escritora britânica J.K. Rowling e o bilionário sul-africano Elon Musk atacaram Khelif nas redes sociais.

Para os críticos, o COI permitiu que "homens" enfrentem mulheres no boxe olímpico. O COI reafirmou que Khelif não é homem nem trans. "A boxeadora argelina nasceu mulher, foi registrada como mulher, viveu sua vida como mulher, lutou boxe como mulher, tem registro de mulher no passaporte. Não é um caso de transgênero. Cientificamente, não é um homem lutando contra mulheres."

A boxeadora argelina nasceu mulher, foi registrada como mulher, viveu sua vida como mulher, lutou boxe como mulher, tem registro de mulher no passaporte. Não é um caso de transgênero. Cientificamente, não é um homem lutando contra mulheres.

Mark Adams

diretor de comunicação do COI

Lin Yu-ting estreia nesta sexta-feira (2) no torneio olímpico, categoria 57 kg, contra a uzbeque Sitora Turdibekova, às 15h30 de Paris (10h30 de Brasília). Khelif enfrenta a húngara Anna Luca Hamori no sábado (3), pelas quartas de final da categoria 66 kg.

Lin Yu-ting, de Taiwan, durante torneio na China; lutadora foi envolvida em polêmica no boxe olímpico

Desistência da italiana

Após a luta, a italiana Carini justificou sua desistência. "Não podia continuar. Meu nariz doía muito e eu disse: 'Parem'. Era melhor não continuar", afirmou. "Poderia ter sido a luta da minha vida, mas naquele momento eu também tinha que proteger minha vida".

"Sempre lutei contra homens, treino com meu irmão, mas hoje senti muita dor", afirmou Carini sobre a potência dos golpes recebidos.

A próxima luta de Khelif será no sábado, por volta do meio-dia, contra a húngara Anna Luca Hamori, pelas quartas da categoria até 66 kg.

"SÃO MENTIRAS"

Nesta quinta-feira, Khelif foi recebida no Paris Arena Norte com aplausos de muitos fãs da Argélia, que agitavam suas bandeiras nacionais.

Horas antes, o Comitê Olímpico Argelino (COA) saiu em defesa de sua boxeadora, garantindo que ela é vítima de "mentiras" e "ataques antiéticos".

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