Como chegar bem aos 100
Longevidade depende de escolhas, conhecimento e preparação
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A Folha atravessou seus 100 anos testemunhando a Revolução da Longevidade. Em 1920, a esperança de vida ao nascer (EVN) no Brasil não passava de 40 anos. Chegamos hoje a 77. Quase o dobro. São 37 anos a mais de vida, não de velhice.
Em tão pouco tempo, um estalar de dedos em relação à história da humanidade. Revolucionário. Afinal, Houaiss define revolução como “uma grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza provocando mudanças profundas na sociedade”.
Para contextualizar, dos tempos do Império Romano até 100 anos atrás a EVN tinha aumentado meros dez anos. E o filósofo romano Cícero (106 a.C.-43 a.C.) já nos avisava então: “Não há nada de errado quanto ao envelhecimento ou as pessoas idosas, e sim nossa atitude em relação a eles”. E acrescentou: “Os jovens têm diante de si o desafio de talvez envelhecerem. Os idosos já o ultrapassaram”.
Nisso, estamos, nós os idosos, em vantagem absoluta. Mas é preciso ver-se como “idoso”. Passaram-se mais de 2.000 anos desde Cícero para que outro livro seminal abordasse o envelhecimento de forma abrangente. E haveria de vir de uma feminista, observando seu companheiro Sartre, envelhecido.
Simone de Beauvoir, em “A Velhice”, nos ensina a importância da ressignificação das etapas de vida. O velho tem dentro de si o jovem de ontem. E o jovem, o velho de amanhã.
Abaixo o preconceito contra os idosos, o idadismo. E, da mesma forma que não basta não ser racista, é preciso ser antirracista, é preciso também ser anti-idadista. Sermos ativistas, denunciarmos toda manifestação que nos infantilize, que nos tire a autoestima, que nos bote para baixo.
Para isso é necessário busca de conhecimento, discernimento, revisão de nossos valores. Nada fácil em um país onde se cultua a juventude, o hedonismo, o prazer imediato. Em que o elogio maior a uma pessoa é perguntar-lhe a idade e logo declarar “não parece”.
Chegar bem à longevidade depende de escolhas, conhecimento e preparação. Comece já. Quanto mais cedo melhor, nunca é tarde demais. Quem começa o processo cedo terá maiores ganhos, mas sempre haverá algum ganho.
Década após década, há muito que pode ser feito rumo à maratona em que a vida humana se transformou. Antigamente se acreditava que a longevidade em boas condições dependia de “escolher bem seus pais”. Hoje sabemos que a genética só contribui com um quarto da chance de bem envelhecer.
Nossas escolhas e estilos de vida pesam muito mais. No entanto, em um país tão desigual, não culpemos aqueles que não puderam se cuidar, escolher onde morar, usufruir de um trabalho digno. São vítimas, não culpados.
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