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Jair de Oliveira conduziu inovações gráficas em quase 40 anos de Folha

Designer desenhou primeiras páginas históricas, como a do impeachment de Collor

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São Paulo

Foi por gostar de fazer cálculos que Jair de Oliveira começou a trabalhar como diagramador na Folha aos 19 anos, em 1974. Sua matemática sempre esteve associada à criatividade, fazendo com que seus quase 40 anos no jornal tenham sido marcados por inovações gráficas.

Nascido em Embu das Artes (SP) em 1955, Jair começou diagramando as páginas que tratavam da Bolsa de Valores, assunto que achava "terrível". Mas logo migrou para a Ilustrada, onde trabalhou até meados dos anos 1980, quando se tornou editor de arte do jornal.

Jair de Oliveira em reunião na Folha em 1991 - Niels Andreas - 20.fev.1991/Folhapress

"Ele tinha um senso estético maravilhoso e fazia páginas lindas para mim", conta Helô Machado, editora do caderno de cultura na década de 1970 e uma das primeiras chefes de Jairzinho, como é chamado pelos amigos.

"Chegava sempre de mau humor, mas o clima ia ficando gostoso conforme o dia passava. Era um menino caprichoso, que gostava muito do trabalho que fazia", completa Helô. Além do jeito um tanto rabugento, manteve um estilo marcante: óculos redondos, a cabeleira, as camisas de botão.

Ele foi um dos responsáveis pelo desenho de primeiras páginas históricas do jornal. Entre elas, a que noticiou o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992.

Aos 66 anos, Jair lembra a felicidade ao comparar a primeira página da Folha com as de outros jornais do país. "O impeachment era o único assunto e é difícil fazer uma primeira página com uma notícia só. Coloquei a palavra em letras maiúsculas e o ponto de exclamação, que foram diferenciais."

Primeira página da Folha com a notícia do impeachment, diagramada por Jair de Oliveira em parceria com Didiana Prata (editora de Arte), Eliane Stephan (secretária de Imagem) e Lenora de Barros (editora de Fotografia) - Reprodução

Este tipo de trabalho, que une de maneira criativa forma e conteúdo, design gráfico e notícia, percorre toda a trajetória profissional de Jair.

Na Ilustrada, que passava por um período de efervescência na década de 1980, com a implantação do Projeto Folha, o designer elaborou algumas estilizações para o logotipo do caderno, em consonância com os acontecimentos do dia.

Um exemplo é a capa de 6 de abril de 1986, quando a Ilustrada mimetizou o logotipo da Coca-Cola para anunciar o lançamento do caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo, insinuando que o novo suplemento era uma cópia, como a Pepsi.

Logo do caderno Ilustrada publicado em 6 de abril de 1986 - Reprodução

No início da década de 1990, Jair foi convidado por Eliane Stephan, então editora de Arte, para coordenar o novo projeto gráfico que, entre outras inovações, criou as tipografias do jornal tal como são até hoje.

O projeto, ele conta, veio com outras mudanças importantes: a inauguração da gráfica da Folha, em Tamboré, e as novas rotativas, que permitiam que o jornal fosse impresso totalmente a cores, o que, até então, era reservado apenas a algumas páginas.

Para Eliane, Jair foi essencial na elaboração do novo projeto gráfico, pois "tinha um conhecimento profundo de toda a tecnologia usada no jornal. Foi um guia e um companheiro", no momento em que a identidade visual da Folha era totalmente transformada.

A partir daí, ele participou de todas as implantações de projetos gráficos no jornal até 2010.

Pelo tempo de casa e experiência em diversas posições, Jair conhecia bem a "cozinha" do jornal e contribuiu para a formação de diagramadores e infografistas, como Thea Severino e Fernanda Giulietti, participantes da 3ª turma de treinamento voltada para o design gráfico, em 2003. Hoje elas são, respectivamente, editora e coordenadora de Imagem.

Da época do treinamento, elas destacam, claro, o mau humor de Jairzinho. Mas lembram principalmente sua generosidade para ensinar e sua paixão pelo jornal como um todo. "Ele nos mostrou a importância de valorizar cada página, cada caderno, fossem primeiras páginas históricas, fossem os classificados", diz Fernanda.

Além disso, Jair era capaz de perceber as qualidades dos profissionais com quem trabalhava. Como coordenador, sabia posicionar cada um onde poderia dar o seu melhor.

"É um oráculo do design gráfico na ​Folha e um mestre para a vida", resume Thea.

RAIO-X
Jair de Oliveira, 66

Entrou na Folha ​em 1974, aos 19 anos, e trabalhou no jornal por quase quatro décadas, assumindo diversas funções ligadas ao design gráfico. Participou de todos os projetos gráficos do jornal do início da década de 1990 a 2010. Como diagramador, destacou-se pela idealização de primeiras páginas importantes do jornal.

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