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Instituto Vero, de Felipe Neto, capacita ribeirinhos para combater desinformação

Iniciativa em parceria com ONG local promove curso de educação midiática para jovens no Amazonas

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Patos de Minas

Jovens de sete municípios do estado do Amazonas participaram do projeto Nossas Vozes, iniciativa de educação midiática do Instituto Vero e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), nos últimos meses. O grupo de 25 ribeirinhos recebeu formação em comunicação digital e combate à desinformação, além de desenvolver projetos em suas comunidades posteriormente.

O objetivo da iniciativa é combater a desinformação em regiões sem veículos de imprensa locais. "São aqueles lugares que chamamos de desertos de notícias", explica Camila Akemi, coordenadora do Nossas Vozes.

"No Brasil, mais de 26 milhões de pessoas ainda não têm acesso a notícias sobre suas cidades. Isso as torna mais vulneráveis a narrativas desinformativas."

O curso ocorreu entre 25 e 28 de abril. Nos dois primeiros dias, alunos fizeram passeios educativos em Manaus (AM), visitando lugares como a Fundação Rede Amazônica, o Palácio da Justiça, o Palácio do Rio Negro, o Teatro Amazonas e o Instituto Federal do Amazonas.

Jovens ribeirinhos do Amazonas em oficina do projeto de educação midiática Nossas Vozes - Divulgação/Instituto Vero

Depois, os jovens foram até o Núcleo de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável Assy Manana, área de preservação ambiental, onde tiveram oficinas e encontros com acadêmicos e comunicadores, incluindo aula virtual com o influenciador Felipe Neto, fundador e diretor-executivo do Vero.

Em seguida, puderam colocar o conhecimento em prática, desenvolvendo suas próprias campanhas de comunicação, com três sessões de mentoria entre maio e junho.

"Precisamos falar incansavelmente sobre a importância da criação de projetos que fomentem o letramento midiático não só no Brasil, mas no mundo inteiro, principalmente para combater a desinformação", diz Neto.

"E é por meio de campanhas educativas como o Nossas Vozes, a partir do investimento em capacitação para o fortalecimento de habilidades intelectuais e técnicas e o uso crítico das tecnologias que conseguiremos avançar nessa pauta."

Para capacitar os alunos na criação de conteúdos na internet, o projeto teve a colaboração da FAS. A organização da sociedade civil sem fins lucrativos trouxe sua experiência com o programa Repórteres da Floresta, que oferece aulas práticas de fotografia, vídeo, áudio e edição a jovens ribeirinhos.

"Queremos que estes jovens atuem como jornalistas dentro de suas comunidades", diz Rafael Sales, coordenador do núcleo de inovação e educação para o desenvolvimento sustentável da FAS. "Promovemos oficinas de comunicação que ensinam a utilizar câmeras, escrever textos e trabalhar com fontes."

Alunos do Projeto Nossas Vozes em aula com o youtuber Felipe Neto, fundador do Instituto Vero - Divulgação/Instituto Vero

Os jovens escolhidos para compor a turma participaram de processo seletivo que envolveu escrita de redações e produção de vídeos se apresentando. Um deles foi Jefferson Rodrigues, 24 anos, morador da comunidade do Tumbira, no município de Iranduba, em Manaus.

"Foi um intercâmbio com pessoas de todos os cantos. Muitas delas nem conheciam Manaus. Gostei muito dessa troca de conhecimentos e experiências", afirma.

O jovem diz que uma de suas atividades preferidas foi a produção de um podcast com os colegas. Além disso, conta ter criado um perfil nas redes sociais com amigos para enaltecer a cultura regional e combater mentiras.

A fake news dos botos

Por exemplo, em setembro de 2023, mais de cem botos foram encontrados mortos em um lago superaquecido em Tefé, no interior do Amazonas, durante uma seca severa na região. Circulou então o boato de que haviam sido encontradas carcaças também em Iranduba.

A informação era falsa, pois o município, que fica a 500 km do Lago Tefé, não teve registros de mortes de botos. Mesmo assim, a mentira afetou o turismo local, motivado em grande parte pela pesca.

Além de atuarem como comunicadores em suas comunidade de origem, Jefferson e os colegas querem promover uma compreensão mais profunda da Amazônia em todo o país.

"Muita gente pensa que todo mundo da Amazônia é indígena. Então procuramos, em nossos vídeos, mostrar que isso não é verdade. Nosso perfil fala de assuntos sérios, mas de modo leve e engraçado", explica o ribeirinho.

De acordo com a coordenação do Nossas Vozes, muitos participantes viajaram dias de barco para chegar ao curso. A distância dos centros urbanos favorece a propagação de desinformação em várias comunidades.

"Notícias falsas se propagam na floresta de forma dinâmica. Dependendo de onde você está, a cinco ou até seis dias de barco de um centro urbano, uma notícia falsa pode se espalhar por toda a região. Quando alguém finalmente chega à cidade para ter acesso à conectividade e à informação correta, aquela mentira já se tornou verdade", diz Sales, da FAS.

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