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Soprano destaque do ano foi desencorajada a atuar quando jovem

Gabriella Pace, que atuou em 'Kátia Kabonová' e 'Turandot', cresceu numa família de músicos

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São Paulo

A soprano Gabriella Pace cresceu numa família de músicos. Quando criança, a brincadeira com os irmãos era ouvir os discos de óperas e fingir ser os personagens.

Adolescente, Pace foi fazer aulas de teatro. O diretor da escola, porém, disse que ela não tinha talento para as artes. Filha de pais violistas, com avó violoncelista e bisavó violinista, ela achou que talvez estivesse seguindo o caminho artístico apenas por influência da família. Resolveu então que seria médica. 

Gabriella Pace (centro) na ópera 'Kátia Kabanová', no Theatro São Pedro - Heloisa Bortz/Divulgação

Pace foi fazer curso pré-vestibular e chegou a passar na faculdade de medicina. Mas não foi fazer a matrícula. Um outro professor, desta vez do cursinho, deu opinião:  “Muita gente pode ser médico, mas pouca gente pode ser artista”.

Um dos grandes destaques da temporada lírica de São Paulo deste ano, a cantora de 43 anos viveu o papel-título da ópera “Kátia Kabanová”, uma obra de 1921 do tcheco Leos Janácek, e a escrava Liù em “Turandot”, de 1926, de Puccini.

“A Kátia foi o maior presente que recebi na vida”, diz Pace em entrevista por telefone de Copenhague, onde mora desde que se casou com um violoncelista dinamarquês.

Para o papel, ela, que já tinha vivido, em 2017 no Municipal do Rio de Janeiro, Jenufa, do mesmo compositor, estudou tcheco. Ela considera a língua, de difícil pronúncia, a grande barreira para o repertório tcheco, de grande dramaticidade, no mundo.  

“Kabanová” conta o drama de uma mulher dividida entre a obrigação do casamento e o desejo por outro homem. “A gente canta tanto sobre heróis e sobre histórias que nem existem. Entrar nesse repertório do século 20 que fala de coisas que podem acontecer com qualquer um foi transformador pra mim”, diz Pace.

À diferença da obra de Puccini, famosa pela ária “Nessun Dorma”, e muitas outras, a de Janácek impõe uma dose maior de dificuldade a quem deve decorá-la. “Não existe um tema que se repete, é uma ação contínua em que nunca se repetem os mesmos motivos musicais”, conta Pace, que costuma memorizar o que canta copiando diversas vezes as letras.

Mas com Puccini há uma ligação especial. Sua mãe passava uma temporada tocando em Palermo quando estava grávida. O compositor italiano era homenageado na cidade e, assim, a violista executava diversas de suas peças. 

“Nas óperas de Puccini eu me emociono profundamente, justamente quando as violas estão tocando. E quando eu abro as partituras, é como se eu já as conhecesse.”

Óperas, porém, ainda atraem pouco público e não são, digamos, muito pop. “Sempre houve medo da ópera. De 20 anos pra cá, desde que os teatros começaram a ter legendas, acho que temos aumentado o público”, avalia Pace.

“Por que musicais não são considerados elitizados e a ópera é? Fazer uma superprodução como ‘Turandot’ para oito récitas é muito pouco. Tem que ter mais apresentações. Temos que transformar ópera numa coisa do dia a dia.”

Pace volta a São Paulo em abril, no elenco de “A Clemência de Tito”, de Mozart, no Theatro São Pedro.

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