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Contos de alienígenas na televisão surfam numa onda de ingenuidade

Culturas ocidentais são, atualmente, terreno fértil para histórias mais bizarras de aparições

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Existe um padrão nas séries "documentais" que abordam relatos de visitas extraterrestres a nosso planeta. Surfando em pseudociência, das duas uma: ou supõem que humanos no passado eram todos uns idiotas ou que humanos no presente são todos uns idiotas.

O enorme sucesso que atingem de certa maneira ajuda a validar essas premissas. O preço a ser pago é o bom senso.

Vejamos o caso emblemático da série "Alienígenas do Passado", cuja maior contribuição à cultura moderna é na forma de memes. Ela aborda casos em que "pesquisadores" encontram, em artefatos arqueológicos, "evidências" de que civilizações antigas foram visitadas por extraterrestres.

A premissa básica, em muitos casos, é que o nível tecnológico desses povos era incompatível com as obras que eles deixaram para trás, e que sua arte representa visitantes alienígenas. No mais das vezes, trata-se de preconceito embalado em ignorância, como se certos povos fossem incapazes de proficiência técnica ou desprovidos de imaginação.

As conexões entre alienígenas e pirâmides ou moais são frequentes, mas ninguém jamais disse que o Coliseu foi construído por extraterrestres.

Da mesma maneira, pinturas e esculturas antigas são interpretadas como representações literais —algo tão ingênuo quanto imaginar que os grafites pintados em São Paulo representem criaturas reais.

Mas a imunidade das culturas ocidentais à influência dos aliens ficou no passado. Hoje, elas são terreno fértil para as histórias mais bizarras de aparições e, por vezes, abduções, como em casos relatados pelo programa brasileiro "De Carona com os Óvnis".

Nada contra a hipótese de que alienígenas possam ter, além da capacidade de voo interestelar e do ímpeto de nos visitar, uma moralidade tão diferente da nossa que nos capturar para experimentos fosse aceitável para eles.

Contudo, se eles mostram tamanho desprezo por nós, por que esconderiam tão bem suas intervenções, a ponto de nenhuma das histórias relatadas vir acompanhada de evidências físicas conclusivas? A soma não fecha.

Sempre se pode alegar que são especulações inofensivas, histórias de entretenimento fracamente "baseadas em fatos reais". Mas como conciliar isso com a exibição desses conteúdos em canais como o History Channel? Se mudasse de nome para Story Channel talvez eu fosse menos ranzinza.

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