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Descrição de chapéu Obituário Flávio Moreira da Costa (1942 - 2019)

Escritor e antologista Flávio Moreira da Costa morre aos 77 anos

Premiado como autor nos anos 1990, ele ficou conhecido por suas coletâneas de contos, que chegaram a ser best-sellers

O escritor e antologista Flávio Moreira da Costa, em 2005 - Bel Pedrosa/Folhapress

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Luciano Teixeira
São Paulo

O escritor Flávio Moreira da Costa morreu, aos 77 anos, no fim da tarde de sábado (23). Ele estava internado havia dez dias na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro, por causa de uma pancreatite. A notícia foi confirmada por sua ex-mulher, Célia Junqueira, com quem ele viveu cinco anos e teve um filho, Francisco, de 35 anos.

“Ele era um arquivo vivo. Era como se ele revivesse todos os dias os contos que leu na adolescência e na vida adulta”, diz ela

O escritor e amigo Antônio Torres, imortal da Academia Brasileira de Letras, lamentou a morte.

“É muito triste ver um colega de ofício daqueles puro-sangue indo embora, num tempo em que a literatura está se esgarçando. Conheço o Flávio desde 1971. Era um trabalhador incansável, um organizador de antologias fantástico”, afirmou Torres.

Moreira da Costa nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e ficou conhecido por suas antologias de contos. Foram mais de 30 ao longo da carreira, entre elas “Aquarelas do Brasil – Contos da Nossa Música Popular” (Agir, 2006), “Contos de Medo, Horror e Morte” (Nova Fronteira, 2005) e “Os Melhores Contos de Loucura” (Ediouro, 2007). 

Algumas de suas coletâneas se tornaram sucesso de vendas. As mais conhecidas e bem-sucedidas foram lançadas entre os anos de 2000 e 2010. São melhores histórias de humor, terror, horror, crime e mistério, eróticas e fantásticas. Cães e gatos, futebol, música popular brasileira — tudo lhe serviu de inspiração. 

Seus contos e romances foram premiados. "O Equilibrista do Arame Farpado" (Record, 1997) ganhou o Jabuti de romance e "Nem Todo Canário é Belga",  (Record, 1997) o de contos. Flávio disse, numa entrevista à Folha em 2016, que as antologias o ajudaram a se profissionalizar e ganhar a vida como escritor.

"Fiz a primeira na adolescência, uma antologia do conto gaúcho, que me deu a alegria de me tornar amigo de Érico Veríssimo. Mas precisava descobrir os novos. Lembro de ir à faculdade de medicina de Porto Alegre e encontrar um estudante e contista iniciante. Era o Moacyr Scliar."

Além de romances e contos, o escritor também é autor de livros policiais, literatura infantojuvenil, ensaios e um perfil biográfico do compositor Nelson Cavaquinho (Relume-Dumará/RioArte, 2000).

Ele também manteve por duas décadas uma oficina de ficção, por onde passaram grandes nomes da literatura brasileira.

Moreira da Costa enfrentava um câncer de rim há seis anos e vinha fazendo hemodiálise. Segundo a ex-mulher, a pancreatite foi uma consequência dos problemas no rim. O amigo e escritor Antônio Torres conta que, mesmo enfrentando graves problemas de saúde, o antologista estava cheio de projetos.

Um deles é a antologia com título provisório de “Contos Curtos”, que está em fase final de produção e deve ser lançada ainda este ano, como trabalho póstumo.

“Flávio também tinha a ideia de fazer uma antologia do conto português, mas não deu tempo de concretizar o trabalho”, diz.

O velório e o enterro estão marcados para a segunda (25), às 12h e 13h30, respectivamente. Ambos acontecem no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro.

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