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Cinema

Sociedade francesa acerta suas diferenças em escola na comédia 'Luta de Classes'

Michel Leclerc toma o pulso de uma França apegada a seus valores republicanos mas desafiada a acomodar todas as diferenças da população

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Neusa Barbosa

Luta de Classes

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (24)
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Leïla Bekhti, Édouard Baer e Ramzy Bedia
  • Produção: França, 2019
  • Direção: Michel Leclerc

Uma escola pública primária em Bagnolet, subúrbio a nordeste de Paris, é o cenário onde se joga a continuidade do pacto republicano francês em “Luta de Classes”, esperta comédia do diretor Michel Leclerc que aborda alguns dos principais conflitos étnicos e religiosos de uma França aturdida com a própria diversidade.

Sintomaticamente, a escola chama-se Jean Jaurès, nome do político socialista francês moderado que pregava uma revolução social não-violenta. É aqui que Corentin (o estreante Tom Lévy), de nove anos, vai desembarcar, vindo do centro de Paris, depois que seus pais decidiram se mudar para uma casinha no subúrbio.

Na verdade, este sonho é da mãe, a advogada de origem árabe Sofia Belkacem (Leïla Bekhti). Mas o pai, o roqueiro punk Paul Clément (Édouard Baer), fiel ao espírito anticonvencional, abraça o projeto de uma vida mais despojada.

Na escola, Corentin, que tem pais agnósticos, convive com uma maioria de colegas muçulmanos, que o assombram dizendo que ele irá para o inferno por não acreditar em Deus. 

Diretor conhecido por obras de temas provocadores e pegada política, como “Os Nomes do Amor” e “Anos Incríveis”, Michel Leclerc toma o pulso de uma França apegada aos seus valores republicanos e laicos mas desafiada a acomodar de um modo novo todas as diferenças da população.

Um exemplo, no filme, está nas preferências alimentares. Para decidir o menu da cantina escolar, a professora (Baya Kasmi, corroteirista com Leclerc) sua frio para encontrar palavras politicamente corretas para indagar os alunos sobre o consumo de carne de porco.

O fato de serem crianças vivendo estes embates, colocando adultos em xeque, injeta uma leveza que o filme não teria de outro modo, dado o potencial explosivo da temática.

Mas as situações contrapondo os pais aflitos, crianças em polvorosa e o pragmático diretor da escola (Ramzy Bedia) permitem desafogar as tensões de modo mais engenhoso e sutil do que sugere o terrível trailer —por alguma razão, destaca-se nele um antigo clipe da banda do roqueiro Paul, que dá a impressão de que a trama é mais debochada e histérica do que realmente é.

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