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Sem narrativa, livro de ativista do Pussy Riot parece coleção de tuítes

'Riot Days' foi festejado como uma pequena obra de arte pela imprensa internacional

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Riot Days

Avaliação: Ótimo
  • Preço: R$ 69,90 (216 págs.)
  • Autor: Maria Alyokhina
  • Editora: Hedra e n-1 Edições
  • Tradução: Marina Darmaros

“A Cooperativa Libertas moldou e costurou as balaclavas produzidas especialmente para esta edição.” A Libertas reúne ex-presidiárias com dificuldade de arrumar trabalho e, neste caso, elas costuraram as máscaras de pano que acompanham o livro “Riot Days” (dias de tumulto), de Maria Alyokhina, umas das integrantes do grupo russo Pussy Riot. Dá para usar a balaclava nas suas manifestações preferidas.

Alyokhina passou quase dois anos presa num campo de trabalhos forçados na Rússia, de 2012 a 2013, após a apresentação relâmpago, com 40 segundos e não autorizada (mas divulgada pela internet) que o seu grupo fez numa igreja de Moscou. 

A música, uma oração punk,  trazia trechos como: “Virgem Maria, mãe de Deus/ Tire Putin do poder/ As mulheres têm que parir e amar/ Merda, merda/ Santa merda”.

É a história daquela performance, a fuga posterior e o cotidiano da prisão que Alyokhina descreve em seu livro. 

Mais do que uma narrativa, “Riot Days” foi festejado como uma pequena obra de arte pela imprensa internacional. “Urgente e ousado”, disse o Financial Times. “Um futuro clássico cult”, resumiu a Vogue britânica.

Da mesma forma que a Pussy Riot não é uma banda comum, no sentido de lançar discos e fazer turnês, “Riot Days” não é uma narrativa clássica. Cada capítulo é formado por dezenas de pequenos textos com títulos, muitas vezes sem que um tenha ligação imediata com o próximo.

Trechos de músicas, do processo, de interrogatórios aparecem no meio de tudo, com o recurso do itálico.

Pode-se dizer, talvez, que é uma coleção de tuítes, tão comum para essa geração. Alyokhina tinha 23 anos quando foi presa e era estudante do quarto ano de jornalismo e escrita criativa; hoje tem 31.

Um desses tuítes, que está no capítulo “Reclusão”, se chama “Colchão em Dois no Comprimento” e diz: “A portinhola de comida se abre e surgem tigelas com o café da manhã. Uma mistura rançosa de repolho com algum tecido fibroso animal. Sou vegetariana: tomei o chá e comi o pão. Mas o pão não é exatamente pão. É ração”.

Mas passada essa estranheza inicial com o formato, a autora conta uma história que vale ser ouvida. E há mais: junto do livro, vêm também dois livretos de 36 páginas chamados “Engaiolaram-nos” e “Sobre(Viver)”, com textos escritos no Brasil.

Organizados pela psicóloga Nathalí Estevez Grillo e pela socióloga Rosângela Teixeira Gonçalves trazem narrativas de cinco presas que relatam as suas vidas dentro da prisão. As organizadoras também assinam textos contando suas experiências a respeito do sistema prisional feminino no país.

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