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Como as indústrias do cinema e da TV tentam driblar crise do coronavírus

Séries, filmes e novelas têm gravações canceladas e profissionais tentam solucionar prejuízos

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Beatriz Amendola
São Paulo | UOL

O aumento de casos do novo coronavírus trouxe complicações inéditas para o cinema e a televisão: blockbusters como "Mulher-Maravilha 1984", "Viúva Negra" e "Mulan" tiveram suas estreias nos cinemas adiadas, e séries como "The Walking Dead" tiveram que encurtar suas temporadas. Aqui no Brasil, "Amor de Mãe" teve de ganhar um fim de temporada e ser substituída por "Fina Estampa". É a segunda vez na história, desde a censura de "Roque Santeiro" pela ditadura, que o país fica sem exibir capítulos inéditos de uma novela das 21h, o horário nobre.

Isso não quer dizer, porém, que o setor audiovisual parou de vez. Há alguns trabalhos —como os de roteiro, por exemplo— que podem ser feitos virtualmente, sem a necessidade de aglomerar pessoas em uma sala, e que por isso têm seguido normalmente com o auxílio de aplicativos como Skype, Zoom ou Google Hangouts.

É o caso da própria "Amor de Mãe", assinada por Manuela Dias.

"Acho que a Globo demonstrou responsabilidade, competência e preocupação com o ser humano exemplares nesse momento de pandemia. Nós, roteiristas, podemos escrever de casa e fazer reuniões virtuais. Assim vamos manter a novela ativa adiantando os roteiros, o que depois favorece a produção", conta ela ao UOL, referindo-se à iniciativa da emissora de paralisar as gravações de suas produções.

Entre as produtoras independentes, a situação é semelhante. A Maria Farinha Filmes teve de suspender as filmagens da segunda temporada de "Aruanas", série do Globoplay estrelada por Camila Pitanga, Taís Araújo e Leandra Leal, mas tem conseguido tocar outros projetos como o documentário "Longevidades".

"Por sorte, havíamos dobrado o nosso núcleo de desenvolvimento nos últimos meses", diz Mariana Oliva, CEO da produtora. "Roteiristas e pesquisadores estão trabalhando de casa, em novas séries, filmes de ficção e documentários. Montadores, produtores, coordenador de pós e financeiro estão trabalhando de casa. Cada departamento está se organizando e se encontrando diariamente online."

A O2 Filmes, de Fernando Meirelles, viu as filmagens da segunda temporada de "Segunda Chamada", exibida pela Globo, serem paralisadas e tem adotado procedimentos semelhantes. "Os roteiristas continuam trabalhando de casa. A pós-produção também permite que sejam feitos vários trabalhos remotos. O que não estamos fazendo é aglomerar pessoas", diz a sócia Andrea Barata Ribeiro. "Pouquíssima gente está indo para a produtora". Com isso, nada de gravações.

Roberto D'Ávila, diretor da Moonshot Pictures, conta que os projetos em estágio de desenvolvimento e pré-produção continuam a pleno vapor na produtora, responsável por filmes como "Última Parada 174" e programas como o "The Taste Brasil", do GNT.

"Seguimos com trabalhos de desenvolvimento, que envolve pesquisa, concepção, escrita, revisão, aprimoramento de roteiros e desenvolvimento de novas histórias e propriedades intelectuais", explica. "Essa frente, aliás, segue com muita força, aproveitando inclusive o momento de reclusão. Seguimos também com alguns processos de pré-produção para um filme e uma série, no limite do possível, mas já avançando bastante com pesquisa, concepção e desenvolvimento de casting."

Prestes a estrear a segunda temporada da série "Unidade Básica", do Universal Channel, o roteirista Newton Cannito diz que é um "privilégio" poder manter sua produtora, a Fábrica de Ideias Cinematográficas, que é voltada justamente para etapas de desenvolvimento de produções audiovisuais.

"No momento, estamos com 12 profissionais contratados, fazendo pesquisa, roteiro, pareceres, design gráfico e comunicação digital", afirma, defendendo que a Ancine aproveite o momento para investir em novos projetos. "Assim estaremos preparando o Brasil para esse novo mercado e tendo conteúdos bons para quando terminar a quarentena."

Em meio à crise, as produtoras têm buscado alternativas, cada uma à sua maneira, para lidar com a situação. A Maria Farinha, por exemplo, disponibilizou algumas de suas produções na plataforma Videocamp. "É uma forma que acreditamos que pode ajudar a fortalecer a nossa saúde mental nesse momento tão difícil para todos", diz Oliva.

A O2, por sua vez, estuda novas possibilidades em sua área publicitária, que atende clientes como a marca de beleza Neutrogena, o banco Santander e a operadora de TV por assinatura Sky. "A publicidade está trabalhando em alguns formatos que possam ser feitos à distância. Dá para fazer pequenas coisas, mas, mesmo sendo pequeno, você pode gerar impacto", conta Barata Ribeiro.

D'Ávila, por sua vez, afirma que a Moonshot não vai mudar seu planejamento de formatos por conta da situação excepcional. "A maior preocupação de fato, como em outros setores, é gerenciar as condições para atravessar esse período. Apoiar os colaboradores para que consigam se sustentar e passar bem por esse problema, ao mesmo tempo em que buscamos recursos para sobreviver e sair com plenas condições operacionais."

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