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Após assassinato de Daniella Perez, 'De Corpo e Alma' não foi reprisada

Sucesso no início dos anos 1990, novela trazia a filha de Gloria Perez num papel secundário de dançarina

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​​Nunca foi tão fácil rever uma novela antiga da Globo. Além da tradicional faixa vespertina ​"Vale a Pena Ver de Novo", em que a emissora reprisa alguns de seus maiores sucessos, folhetins que marcaram época são um dos pilares do canal Viva, de grande audiência na televisão paga. A Globo também vem disponibilizando novelas clássicas, na íntegra, em sua plataforma Globoplay.

A atriz Daniella Perez em sua última cena filmada na novela 'De Corpo e Alma' e que aparece na minissérie documental 'Pacto Brutal' - Divulgação

Mesmo assim, alguns títulos nunca mais viram a luz do dia. É o caso das produções das décadas de 1960 e 1970, ainda em preto e branco. Muitas nem sequer estão completas, pois tiveram capítulos destruídos em incêndios ou simplesmente apagados, para que as fitas fossem reutilizadas. Outras enfrentam problemas de direitos autorais. Também há aquelas que, consideradas fracassos de crítica e público, a emissora prefere deixar na gaveta.

E há o caso de "De Corpo e Alma", que chegou a dar mais de 50 pontos de audiência e foi vendida a diversos países. Segundo vários sites, a novela nunca mais foi reprisada a pedido de sua própria autora, Gloria Perez. Procurada, a assessoria de imprensa da Globo não soube responder sobre as causas desse sumiço.

É perfeitamente compreensível que Gloria Perez não queira que "De Corpo e Alma" volte ao ar. A novela foi estigmatizada pelo episódio mais trágico de sua vida –o assassinato de sua filha Daniella, que interpretava a personagem Yasmin na trama, por um colega de elenco, Guilherme de Pádua.

Uma reprise não só traria lembranças dolorosíssimas, como daria nova evidência ao assassino de Daniella Perez, hoje um pastor evangélico. Sem falar que ele teria direito a pagamentos residuais, pela reapresentação de um trabalho feito 30 anos atrás.

"De Corpo e Alma" estreou em 5 de agosto de 1992, marcando a estreia na Globo de Cristiana Oliveira. Dois anos antes, a atriz havia explodido como a Juma Marruá da primeira versão de "Pantanal", da TV Manchete —no remake atual, a personagem é interpretada por Alanis Guillen.

Oliveira fazia Paloma Bianchi, uma jovem que recebe um coração transplantado. Esse coração vinha de Betina Lopes Jordão, papel de Bruna Lombardi, personagem que na trama havia morrido em um acidente de trânsito.

Betina era um amor do passado do juiz Diogo Varela, vivido por Tarcísio Meira, que ele reencontrava muitos anos depois. Novamente apaixonado, Diogo estava decidido a se separar da mulher Antonia, interpretada por Betty Faria, e voltar para a antiga namorada.

A morte de Betina interrompe esse sonho. Desconsolado, Diogo se aproxima de Paloma. Mesmo casada com o stripper Juca, feito por Victor Fasano, ela se envolve com o juiz.

A dançarina Yasmin, personagem de Daniella Perez, era irmã de Paloma e namorada de Bira, vivido por Guilherme de Pádua, e não tinha grande importância na trama. Mas o brutal assassinato da atriz, em 28 de dezembro de 1992, acabaria por contaminar toda a novela, associada para sempre a esse crime hediondo.

Conhecida por escrever suas obras sem a ajuda de assistentes, Gloria Perez se afastou de "De Corpo e Alma" por apenas uma semana, enquanto o crime era elucidado. Durante esses poucos dias, os roteiros ficaram a cargo de Gilberto Braga e Leonor Bassères.

Assim que Guilherme de Pádua e sua mulher, Paula Thomas, foram presos pelo assassinato de Daniella Perez, Gloria Perez retomou os trabalhos e levou a novela até o fim. Além de discutir o tema das doações de órgãos, "De Corpo e Alma" incorporou dois novos temas em sua reta final –a morosidade da Justiça brasileira e o descompasso do nosso Código Penal.

No dia 19 de janeiro de 1993, foram ao ar as últimas cenas gravadas por Daniella Perez. O sumiço de Yasmin era explicado rapidamente –uma súbita viagem ao exterior. No final do capítulo, vários atores do elenco deram depoimentos emocionados.

Quanto ao Bira de Guilherme de Pádua, nem uma única palavra. O personagem nunca mais foi citado, como se jamais tivesse existido. Um autêntico caso de cancelamento, três décadas antes de o termo ganhar o sentido atual.

Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez

Avaliação:
  • Onde: Minissérie em cinco episódios disponíveis a partir de quinta (21), na HBO Max
  • Classificação: 16 anos
  • Produção: Brasil, 2022
  • Direção: Tatiana Issa e Guto Barra

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