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'Elvis' é mistureba de clipes, com direito a rap para atrair os mais novos

Com quase três horas, longa de Baz Luhrmann pode ser servir para a geração Z, mas mostra um cantor diferente da realidade

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Elvis

Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia na qui. (14) nos cinemas
  • Elenco: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia DeJonge
  • Produção: EUA, 2022
  • Direção: Baz Luhrmann

São necessários só alguns poucos minutos de exibição para que a missão dessa obra fique clara –apresentar Elvis Presley às gerações X, Y, Z e o que mais for nascendo por aí.

Digo "obra" porque no final das contas é difícil dizer que "Elvis" seja um "filme". Com duas horas e 39 minutos de duração, é mais de uma colagem de inúmeros videoclipes que, por acaso, estão sendo exibidos em ordem cronológica.

Austin Butler no filme 'Elvis', de Baz Luhrmann - Divulgação

A direção, assim como parte do roteiro, é assinada por Baz Luhrmann, o mesmo da recente versão de "O Grande Gatsby", de 2013, do musical "Moulin Rouge", de 2001, e, lá atrás, daquele "Romeu + Julieta", em 1996, que ajudou a transformar Leonardo DiCaprio numa estrela mundial.

E o que Luhrmann faz aqui é um filme-fliperama com tantos efeitos especiais que a cabeça do pobre espectador logo entra em "tilt" (a menos, é claro, que se trate de um membro das gerações X, Y ou Z). Não há praticamente uma cena em que a pós-produção do filme não meta coisas na tela.

Se o jovem Elvis pré-estrelato está dirigindo seu caminhão, um mapa com sua rota pelos estados americanos aparece ao fundo. Se ele está espiando uma vitrine, a placa com o nome da loja ganha vida, ocupa a tela inteira e se transforma na placa de outra loja de outra cidade e é lá que estamos agora.

Os atores, às vezes, falam com a câmera. Palavras são escritas na tela. O nascimento de Elvis é contado em forma de desenho animado. Quando uma história importante de sua vida se desenrola diante dos nossos olhos, isso não é suficiente. É preciso haver uma mulher negra cantando um blues num bar vazio para alternar as imagens dela com as dele o tempo todo.

Para transmitir suspense, montagem de cenas paralelas. Para causar impacto, cenas em câmera lenta. Para chamar a juventude para o cinema, rap no alto-falante. Isso mesmo, no filme sobre Elvis Presley, há raps contemporâneos em pelo menos duas ocasiões.

Austin Butler no papel principal do filme 'Elvis', de Baz Luhrmann - Divulgação

A grandiosidade da música é outro aspecto que se torna cansativo. A cada história contada, os conflitos são resolvidos como se fossem o fim do filme, com a orquestra nas alturas e o triunfo do protagonista. É como se houvesse inúmeros finais também.

Então, esses são os comentários sobre o formato do filme de Baz Luhrmann.

Quanto ao conteúdo, sim, ele consegue fazer arrepiar quando Elvis dá seu primeiro show. Repete a estratégia mais duas vezes pelo menos, no especial de Natal e na estreia em Las Vegas. Aliás, Austin Butler no papel do rei do rock americano está impecável. O problema é que não há muita profundidade em seu Elvis.

Há mais no Coronel Parker, empresário do cantor, mas é natural, já que o filme todo é contado do ponto de vista dele. Sob pesada maquiagem, Tom Hanks consegue entregar um homem de duas facetas, que é um segundo pai e também o vilão, um incentivador e abridor de portas mas também um inescrupuloso e abominável aproveitador.

Nos últimos anos, Elvis vem sendo jogado na fogueira sob acusações de apropriação cultural. Ele roubou a música dos negros e tomou o espaço deles, dizem. Então o diretor inventa um Elvis politizado e próximo tantos dos artistas e personalidades negros quanto de suas posições de enfrentamento à criminosa segregação racial dos anos 1950 na América.

Duas horas e 39 minutos? Não, não precisava. Há diversas músicas repetidas, com os mesmos arranjos, que parecem gordura fácil de ser cortada. Mas não é o fim do mundo ter de ouvir de novo uma boa canção. Aqui vale mandar uma estrela para a tradução, que não deixou as músicas de fora. Quando Elvis canta, há legenda.

A obra "Elvis" consegue, sem dúvida, apresentar o cantor americano às novas gerações. Talvez dê certo. Mas é um Elvis melhor do que ele jamais foi.

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