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Por que música viral feita por inteligência artificial com vozes de Drake e The Weeknd preocupa artistas

Música com a voz clonada dos dois artistas está fazendo sucesso após ser postada nas redes sociais e no Spotify

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Mark Savage
BBC News Brasil

Uma música que usa inteligência artificial para reproduzir as vozes dos artistas Drake e The Weeknd viralizou nas redes sociais.

The Weeknd se apresenta na Califórnia, em setembro de 2022 - Mario Anzuoni/Reuters

Chamada de "Heart On My Sleeve", a faixa simula as duas estrelas trocando versos sobre a estrela pop e atriz Selena Gomez, que já namorou com The Weeknd.

O criador, conhecido pelo nome de usuário @ghostwriter, afirma que a música foi criada por um software treinado para reproduzir as vozes dos dois artistas.

"Nós realmente estamos em uma nova era", escreveu um ouvinte nos comentários do canal do YouTube onde o vídeo foi postado. "Não consigo mais dizer o que é legítimo ou falso."

"Este é o primeiro exemplo de música gerada por inteligência artificial que realmente me impressionou", acrescentou Mckay Wrigley, um desenvolvedor de IA, no Twitter.

Desde que foi postado, na última sexta-feira, o vídeo com a música foi visto mais de 8,5 milhões de vezes no TikTok. A versão completa foi reproduzida 254 mil vezes no Spotify.

A música começa com um ritmo repetitivo de piano, que faz uma transição para uma batida estrondosa de baixo, enquanto o falso Drake canta, em inglês. Depois, o falso Weeknd responde com um verso em que alega que Gomez o traiu antes do rompimento em 2017.

A faixa ainda inclui uma chamada para o produtor Metro Boomin', que já trabalhou com artistas como 21 Savage, Future, Nicki Minaj e Kanye West.

Não é perfeita. A música tem a vibração áspera e a baixa qualidade de uma demo pirata, e os vocais às vezes são arrastados e com falha, possivelmente resultado do processo de IA.

Voz clonada

Nenhum dos dois artistas comentou a música até agora. Mas Drake recentemente expressou descontentamento por ter sua voz clonada.

"Esta é a gota d'água da IA", postou no Instagram, após se deparar com um vídeo feito por um fã no qual ele parecia estar fazendo um rap da faixa "Munch (Feeling U)", da rapper Ice Spice.

A reclamação de Drake veio depois que a Universal Music Group (UMG) escreveu para serviços de streaming, incluindo Spotify e Apple Music, pedindo que eles impedissem que empresas de inteligência artificial acessassem suas bibliotecas. Acredita-se que as empresas estejam usando as músicas para "treinar" seus softwares.

"Não hesitaremos em tomar medidas para proteger nossos direitos e os de nossos artistas", alertou a UMG no email, obtido primeiro pelo Financial Times.

Vários sites já oferecem aos fãs a funcionalidade de criar novas músicas usando vozes parecidas com as das maiores estrelas do pop.

O DJ francês David Guetta recentemente usou um site chamado uberduck.ai para imitar a voz de Eminem e adicioná-la a um de seus instrumentais. "Tenho certeza de que o futuro da música está na IA", disse ele à BBC.

No entanto, Guetta afirmou que a tecnologia só poderia ser útil "como uma ferramenta", como é o caso da bateria eletrônica.

"Nada vai substituir o bom gosto", disse ele. "O que define um artista é que você tem um certo gosto, um certo tipo de emoção que deseja expressar e vai usar todos os instrumentos modernos para fazer isso."

Outras faixas falsas que se tornaram virais recentemente incluem um deepfake de Rihanna cantando "Cuff It", de Beyoncé, e um Kanye West clonado cantando a balada acústica "Hey There, Delilah".

A rápida ascensão da tecnologia tem abalado a indústria da música. "Heart On My Sleeve", por exemplo, não infringe direitos autorais, pois aparenta ser uma composição inteiramente original.

O autor também deixou explícito que Drake e The Weeknd não estavam envolvidos na produção da música.

Músicos se unem contra IA

Em resposta, uma ampla coalizão de músicos e artistas lançou a Campanha de Arte Humana, cujo objetivo é garantir que a inteligência artificial não corroa a criatividade humana.

Apoiado pela Recording Industry Association of America, a Association for Independent Music e o BPI, que organiza a premiação Brit Awards, o grupo delineou sete princípios que defendem as melhores práticas de IA e enfatizou que a proteção de direitos autorais deve ser concedida apenas a músicas criadas por humanos.

"Há muito potencial com a IA, mas também riscos para nossa comunidade criativa", disse o CEO da Recording Academy, Harvey Mason Junior, ao lançar a iniciativa. "É crucial que acertemos isso desde o início, para não correr o risco de perder a magia artística que apenas os humanos podem criar."

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