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'A Viúva Clicquot' encena dramas para além da origem do champanhe

Filme aborda guerra e superação em meio aos lindos vinhedos da maison que moldou o estilo da bebida como a conhecemos

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A Viúva Clicquot

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Estreia nesta quinta (22) nos cinemas
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Haley Bennett, Ben Miles, Leo Suter
  • Produção: França, Estados Unidos, 2024
  • Direção: Thomas Napper

O filme "A Viúva Clicquot: A Mulher que Formou um Império", que estreia nesta quinta-feira (22) nos cinemas, conta a história de Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin. Mais conhecida pela maison que leva o seu nome, Veuve Clicquot, Barbe-Nicole foi peça fundamental na criação do estilo dos champanhes como os conhecemos hoje. O vinho, contudo, é apenas pano de fundo para o drama vivido pela jovem viúva, interpretada pela talentosa Haley Bennett, no filme do diretor Thomas Napper.

Cena do filme 'A Viúva Clicquot', de Thomas Napper - Divulgação

Um belíssimo pano de fundo, é verdade. Filmado na maior parte no Château Beru, um produtor de vinhos biodinâmicos de Chablis, região muito próxima de Champagne, o longa tem várias cenas externas. A fotografia de Caroline Champetier usa e abusa da beleza dos vinhedos. Nas cenas internas, o figurino e a cenografia também impecáveis mantêm o padrão estético.

A história segue duas narrativas paralelas: uma retrata o período em que Barbe-Nicole viveu com o marido, François Clicquot —Tom Sturridge—, e outra, os acontecimentos após a morte de François. O filme não tem patrocínio da LVMH, grupo ao qual a Veuve Clicquot pertence hoje. Não tem o compromisso de ser uma biografia.

Apesar de se dizer baseado no livro "A Viúva Clicquot", de Tilar J. Mazzeo, publicado no Brasil pela Rocco, o filme trata apenas de um curto período da vida de Barbe-Nicole e traz uma versão romanceada da história, que se passa na virada do século 18 para o 19.

O roteiro, por exemplo, cria uma versão para a morte de François que não é comprovada. Mostra uma paixão entre Barbe-Nicole e o marido que tampouco se baseia em documentos históricos. E esmiúça o sofrimento decorrente da morte prematura do jovem monsieur Clicquot. Sentimentos universais.

Nesse romance, fatos importantes para a biografia de Barbe-Nicole passam quase despercebidos por aqueles que não são aficionados por vinho. A viúva foi responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento da técnica conhecida como "remuage". Isso aparece, mas não é explicado de forma didática para o espectador leigo no mundo dos vinhos.

Os champanhes, como a maioria dos espumantes, passam por duas fermentações. Na primeira, o mosto da uva é transformado em vinho e, na segunda, há a captura do gás carbônico, responsável tanto pela "perlage" (borbulhas) quanto pela espuma.

A segunda fermentação, em Champagne, acontece na garrafa lacrada. Ao ser fechado, além do vinho base, o recipiente recebe também uma mistura de leveduras e açúcar, que provocam uma nova fermentação. Antes da viúva Clicquot, as borras dessas leveduras permaneciam nas garrafas que iam para o mercado, o que resultava num líquido mais turvo, como os espumantes sur lie, hoje tão na moda.

Esse líquido turvo, com aromas e sensação de boca menos limpos, estava longe de ser um produto de luxo. Na época, por sinal, acreditava-se que a vocação de Champagne era produzir vinhos tintos.

Até que Barbe-Nicole desenvolveu essa técnica de "remuage": acabada a segunda fermentação, as garrafas são inclinadas, com o gargalo para baixo, de modo que as borras escorreguem lentamente para a boca. Por fim, o gargalo é congelado, a tampa removida, as borras saem, se completa o líquido da garrafa, fecha com a rolha e a gaiola e, voilá, o champanhe está pronto. Um líquido cristalino com bolhas finas, que virou sinônimo de luxo.

Paralelamente, às duas narrativas principais, corre uma terceira, de fundo, que trata da história da França e das guerras napoleônicas. Essas guerras certamente não ajudavam nos negócios. Barbe-Nicole ficou viúva em 1805, aos 27 anos, herdando os vinhedos que o marido administrava. Poucos anos depois, Napoleão tentou invadir a Rússia, um dos principais mercados consumidores de vinho na época.

O filme fala muito sobre a luta dessa mulher por respeito. Contra a vontade do sogro, que queria vender os vinhedos para um vizinho de sobrenome Möet, quando perdeu o marido, a jovem viúva decidiu tocar a vinícola. Encontrou resistência por todos os lados. Ainda assim, foi bem-sucedida. Isso não é spoiler. Essa parte da história é muito fácil de prever.

O filme vale a pena, mas tem um final meio repentino, com muita coisa não resolvida, que deixa uma sensação de "continua na próxima temporada".

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