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Descrição de chapéu Independência, 200

Chargistas fazem releituras da obra de Pedro Américo

Laerte, Benett e a dupla Triscila e Leandro apresentam novas interpretações para a pintura "Independência ou Morte!"

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São Paulo

Nenhuma pintura tem sido tão discutida nas últimas semanas, às vésperas dos 200 anos da separação do Brasil de Portugal, quanto "Independência ou Morte!" (1888), de Pedro Américo (1843-1905).

O artista paraibano pintou o quadro em Florença, na Itália, e o entregou em 1888 atendendo a uma encomenda do governo de dom Pedro 2º. Para ser trazida ao Brasil de navio, a obra de 7,60 m por 4,15 m teve que ser desmontada.

O público brasileiro pode vê-la pela primeira vez em 7 de setembro de 1895, na inauguração do Museu do Ipiranga. A tela, uma idealização daquele processo político, volta a ser apresentada na instituição, que reabre ao público em geral nesta quinta (8).

Salão Nobre do Museu do Ipiranga, onde fica o quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo - Eduardo Knapp/Folhapress

A Folha convidou quatro artistas para fazer novas leituras do quadro. Laerte se lembrou de uma visita ao museu quando criança. Benett incorporou imagens sombrias à tela. A dupla Leandro Assis e Triscila Oliveira uniu dom Pedro 1º e personagens de Candido Portinari.

O jornal também destaca a versão de Paulo Caruso, ligada às Diretas-Já e publicada em abril de 1984.

Laerte

Releitura do quadro "Independência ou Morte" pela chargista Laerte - Laerte/Folhapress

"Conheci o quadro numa visita escolar ao Museu Paulista, devia ter uns 10 anos. Me deram uma máquina fotográfica (parecia uma caixa, abria e se colocava o filme lá dentro). Alguém tinha colocado pra mim um filme de 36 poses e me explicado como tirar fotos.

Eu fiz fotos de tudo que me pareceu lindo ou importante. A pintura do Pedro Américo certamente fazia parte do lote. Eu já conhecia a imagem dos livros de história e das estampas que apareciam na semana da pátria. O quadro me impressionou, acho que qualquer um daquelas dimensões é impressionante.

Não sei se ver a pintura assim, ao vivo, me motivou de alguma forma a seguir a trilha do desenho ou da pintura. Acho que não, eu não pensava em carreiras e ofícios.

No final da visita, dei uma olhada num pequeno visor que mostrava quantas fotos tinham sido batidas e quantas faltavam para o filme terminar. Todas tinham sido batidas.

Abri a caixa da máquina para conferir. Alguém me alertou, mas era tarde —perdi todas, pobre Pedro Américo. Daí pra frente não consigo pensar nesse quadro sem lembrar as tecnologias que tanto me desorientam".

Benett

Releitura do quadro "Independência ou Morte" pelo chargista Alberto Benett; ele inclui referência à obra "O Inferno de Dante", de Gustave Doré - Benett/Folhapress

"Entendo a necessidade do Pedro Américo de fazer algo bem feito para poder ser chamado para futuros trabalhos (rs), mas não é possível ver algum tipo de heroísmo naquele momento.

A atmosfera daquela cena, associada às ameaças que temos sentido nos dias de hoje, seria mais bem representada pelo estilo de Gustave Doré, com aqueles cenários sombrios à beira do abismo em ‘A Divina Comédia’. Aliás, é um bom nome para a releitura do quadro, A Divina Comédia".

Triscila Oliveira e Leandro Assis

Releitura do quadro "Independência ou Morte" pelos chargistas Leandro Assis e Triscila Oliveira; os artistas fazem alusão a obras de Candido Portinari - Triscila Oliveira e Leandro Assis/Folhapress

"O povo brasileiro sempre foi mantido à margem dos grandes momentos de mudança do país. A Independência, a Proclamação da República, o golpe de 64 e tantos outros não levaram em conta os interesses populares.

Pedro Américo parece fazer essa crítica em seu quadro de forma sutil. Decidimos ampliar a crítica, recorrendo a alguns tipos populares de obras de Candido Portinari, como os 'Retirantes', 'O Lavrador de Café', o 'Mestiço' e o 'Café'."

Paulo Caruso

Desenho de Paulo Caruso baseado no quadro de Pedro Américo; reprodução de uma página da Folha de 25 de abril de 1984 - Rubens Cavallari/Folhapress

QUEM É QUEM na releitura de Paulo Caruso

O desenho associa nomes da política brasileira em 1984, favoráveis e contrários às Diretas, à pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo. 1. Cibilis Viana 2. Paulo Maluf 3. Tancredo Neves 4. Franco Montoro 5. Leonel Brizola 6. Ulysses Guimarães 7. Dante de Oliveira 8. Lula. Ministros do governo Figueiredo: 9. Otávio Medeiros 10. Leitão de Abreu 11. Newton Cruz 12. Walter Pires 13. Danilo Venturini 14. João Baptista Figueiredo - Paulo Caruso/Folhapress

"Meu desenho [publicado na Folha em abril de 1984] é uma releitura do quadro da declaração da Independência, mas com visão antagônica, o da dependência de fatores externos ao contexto da celebração.

Os milicos foram representados por João Figueiredo e cia. Libertários, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro e Leonel Brizola, se contrapunham ao poder estabelecido".

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