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Franceses dizem que Nissan age como auxiliar da acusação

Acusações forem trocadas em cartas entre advogados das montadoras

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Paris e Tóquio

A Renault questionou o compromisso da Nissan para com a aliança entre as duas montadoras, em uma troca ressentida de cartas entre os advogados das duas empresas sobre a forma pela qual Carlos Ghosn foi tratado.

Em resposta, a montadora japonesa acusou sua parceira francesa de resistir à investigação sobre seu ex-presidente-executivo.

As cartas, vistas pelo Financial Times, mostram o quanto será difícil buscar a paz, apesar do apoio público à aliança expresso pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e pelos novos líderes das duas companhias.

A aliança tripla entre Renault, Nissan e Mitsubishi que Ghosn comandava --a Renault detém 43% das ações da Nissan, e a Nissan detém 15% das ações da Renault-- fabrica mais de 10 milhões de automóveis por ano.

Executivos e integrantes do conselho da Renault disseram ainda não ter visto provas conclusivas da culpa de Ghosn. Eles acusam suas contrapartes na Nissan de agir por trás de suas costas ao tentar questionar empregados da Renault, como parte das investigações internas da Nissan, e de agir como auxiliares da Procuradoria pública de Tóquio, que indiciou Ghosn e o mantém preso na capital japonesa.

"O fato de a Nissan não ter revelado sua revisão em tempo hábil e seus pronunciamentos unilaterais e vagos sobre delitos na RNBV [a joint venture entre Renault e Nissan registrada na Holanda, Renault-Nissan BV] são incompatíveis com o Acordo Mestre de Aliança Renegociado e com as décadas de colaboração entre a Nissan e a Renault", escreveram advogados do escritório Quinn Emanuel, que representa a montadora francesa, em 16 de janeiro.

Os advogados da Renault expressaram "preocupações quanto ao comprometimento da Nissan" para com o acordo de parceria.

Na mesma carta, eles afirmaram que alguns empregados do grupo francês haviam sido contatados por executivos da Nissan que declararam estar trabalhando com a Procuradoria pública japonesa, "o que na prática converte a empresa e seu departamento jurídico em uma extensão da Procuradoria pública".

Em resposta, 12 dias depois, advogados do escritórios Latham & Watkins, que representa a Nissan, rejeitaram as argumentações e acusaram a Renault de falta de transparência e cooperação.

"A Renault resistiu aos esforços da Nissan para descobrir a verdade sobre a conduta de Ghosn —ainda que ele tenha sido apontado pela Renault para seu assento no conselho da Nissan", a carta afirma. "De fato, a Renault em determinados momentos atacou a investigação sobre a conduta de Ghosn."

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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