Siga a folha

Impasse entre bancos e interessados em assumir dívida ameaça a Abril

Sem acordo com instituições, plano de recuperação pode ser rejeitado, e falência, decretada

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Um impasse entre os bancos credores e os interessados em assumir o comando do Grupo Abril, que controla a Editora Abril, colocou em risco a sobrevivência da maior editora de revistas da América Latina.

Segundo pessoas que acompanham o assunto, os bancos consideraram ruins as três propostas apresentadas por investidores para adquirir a dívida financeira do grupo, que soma mais de R$ 1 bilhão.

Itaú, Bradesco e Santander são os maiores credores da Abril, que está em recuperação judicial desde agosto. No total, a dívida da empresa chega a R$ 1,6 bilhão —R$ 90 milhões são passivos trabalhistas.

Em dezembro, a família Civita acertou a venda do grupo para o empresário Fábio Carvalho, com o apoio do banco BTG, mas o negócio não selou o destino da Abril. A discussão da dívida bancária é ainda mais importante.

Fachada do prédio da editora Abril, na marginal Tietê, em São Paulo - Folhapress
 

Como maior credor, quem detiver a dívida financeira poderá aprovar ou reprovar o plano de recuperação na assembleia marcada para 19 de março. No limite, pode até ganhar força para impor sua própria proposta e acabar tomando o controle da empresa.

Mas, se não houver acordo entre os bancos e os interessados na compra da dívida, o plano de recuperação pode ser simplesmente rejeitado, e a falência da Abril, decretada. Segundo apurou a reportagem, os bancos não querem ser os responsáveis pela quebra da editora, mas o calote previsto nas propostas em discussão é muito expressivo.

Três grupos estão negociando com os bancos: a Enforce, braço de recuperação de ativos do BTG; a Guilder Capital, em conjunto com um grupo de empresários; e a Jive Asset Management, especialistas em empresas em crise. 

Segundo pessoas envolvidas no processo, a oferta da Enforce prevê o pagamento de 8% do crédito, mas não inclui participação na venda posterior de ativos. A Jive colocou na mesa um pagamento de 3% do crédito e 20% do que for obtido com a venda de ativos.

Já a oferta da Guilder Capital é de longo prazo: um valor simbólico de R$ 1.000 e venda de ativos para pagar primeiro aos ex-funcionários e só depois aos bancos. Se a empresa se recuperar, os bancos receberão com o passar dos anos.

Com o apoio de um grupo de empresários que prefere o anonimato, a ideia da Guilder é criar uma fundação para salvar e administrar a Abril ao mesmo tempo em que mantém sua independência jornalística.

A Enforce atua em conjunto com Carvalho. Se sua proposta for aceita, o empresário administrará a companhia, enquanto o BTG aproveitará a base de clientes da revista Exame para promover a plataforma de notícias financeiras que pretende lançar.

Especialistas em recuperação dizem que a grande dificuldade da Abril é que a empresa tem poucos ativos —o prédio da gráfica e as marcas— para uma dívida muito alta.

Procurados, Itaú, Bradesco, Santander, BTG, Enforce, Guilder e Jive não se pronunciaram.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas