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Uber diz que concorrência da Lyft diminuiu

Companhia apresentou seu primeiro balanço desde que fez a oferta pública de suas ações

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Nova York | Financial Times

A Uber anunciou na quinta-feira (30) que havia detectado um relaxamento da feroz concorrência que levou suas margens de lucro para o vermelho, ao revelar prejuízos para o primeiro trimestre mais de duas vezes superiores aos do período em 2018.

Os números são os primeiros anunciados pela Uber como companhia de capital aberto, ainda que ela já tivesse revelado a faixa prevista para sua receita, lucro e outros indicadores financeiros cruciais antes da sua turbulenta abertura de capital.

Banner da Uber na Bolsa de Nova York - Andrew Kelly/Reuters

Os números confirmaram a severa erosão no desempenho da Uber da metade do ano passado para cá, já que a empresa se viu forçada a pagar incentivos maiores para atrair motoristas, o que resultou em estagnação no crescimento de suas receitas.

No entanto, Nelson Chai, o vice-presidente financeiro da companhia, disse que antes do final do primeiro trimestre a empresa de serviços de carros havia "começado a ver sinais de uma postura de preços menos agressiva por parte de alguns concorrentes nos serviços de passageiros, e essa tendência se manteve no segundo trimestre". No começo do ano, a Uber enfrentava concorrência mais feroz da rival americana Lyft, que estava ansiosa por mostrar crescimento firme antes de sua oferta pública inicial de ações.

Em conversa telefônica com investidores, Dara Khosrowshahi, o presidente-executivo da Uber, disse que comentários de executivos da Lyft durante o anúncio de resultados da empresa destacavam o fato de que a pressão de preços estava começando a se aliviar.

"Competir mais em termos de marca e produto é uma maneira mais saudável de concorrer do que tentar resolver os problemas injetando dinheiro", disse Khosrowshahi. A Lyft descreveu 2019 como seu ano de "pico de prejuízo", ao anunciar um prejuízo trimestral de mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,93 bilhões), em maio.

Khosrowshahi acrescentou que as condições de competição também haviam se estabilizado na América Latina, depois que a rival chinesa Didi adotou preços agressivos para ingressar no mercado de serviços de carros da região. "Comparada à [posição] que tínhamos três meses atrás [...] acho que estamos mais no controle da situação, em termos de concorrência", ele disse.

Os comentários aliviaram algumas das preocupações com a recente deterioração nos negócios da Uber, e resultaram em alta de 2% em suas ações depois do fechamento do mercado e da conversa com investidores. Mas as ações continuam 8% abaixo de seu preço de oferta pública inicial, de US$ 45 (R$ 176). As ações da Lyft subiram em proporção semelhante, depois dos comentários da Uber, o que as deixa 22% abaixo de seu preço de oferta pública inicial.

Nas três semanas desde que a empresa abriu seu capital, Wall Street vem apostando contra a Uber. A proporção de suas ações em circulação que foi usada para alavancar posições vendidas chegou aos 20% no começo da semana, antes de cair ligeiramente; é uma porcentagem alta se considerarmos que, para a maioria das empresas com ações negociadas em bolsa, essa proporção fica na parte baixa da casa do um dígito.

A Uber reportou receita de US$ 3,1 bilhões (R$ 12,1 bilhões) no trimestre mais recente, 20% acima do resultado do período em 2018, e um prejuízo operacional líquido de US$ 1,034 bilhão (R$ 4,06 bilhões), ou 116% a mais que o resultado do período em 2018. O prejuízo por ação da empresa ficou em US$ 2,26 (R$ 8,88)  no período, ante lucro por ação de US$ 1,84 no período em 2018. Os números ficaram próximos do limite mais alto das faixas anunciadas pela Uber antes da abertura de capital.

Os principais indicadores quanto aos negócios da Uber no primeiro trimestre revelam o desgaste que a empresa vem sofrendo, com a concorrência por motoristas e passageiros restringindo sua capacidade de ditar preços e forçando-a a pagar grandes incentivos.

A margem de contribuição da plataforma central –indicador que a Uber usa para avaliar o desempenho subjacente de seus serviços de carros e entrega de comida– caiu para 4,5% negativos, ante 18% positivos no período em 2018, e representa a marca trimestral mais baixa desde o começo de 2017.

Falando aos investidores, Chai afirmou que a margem de contribuição nos principais mercados da Uber era forte, variando de 10% negativos a 54% positivos, se bem a companhia ainda esteja em estágio de investimento. Ele também disse que a Uber antecipava que a margem melhorasse sequencialmente a cada trimestre deste ano, o que indica que o primeiro trimestre tenha representado o ponto mais baixo em termos de lucratividade.

Enquanto isso, o "take rate" –a proporção das tarifas que a empresa contabiliza como receita - caiu a 18,8%, ante 22,2% no primeiro trimestre de 2018.

Embora os problemas da empresa quanto a elevar sua lucratividade tenham sido preocupação séria durante a oferta pública inicial e nas semanas seguintes, os números mais recente ainda mostram que os mercados da Uber estão crescendo vigorosamente. O valor bruto de transações aumentou em 34%, ante o período um ano atrás, para US$ 14,6 bilhões (R$ 57,3 bilhões), e o número de usuários mensais ativos cresceu em um terço, para 93 milhões.

A Uber continua em período de silêncio, depois da oferta pública inicial, o que segundo a empresa a impede de revelar projeções para o resto do ano.
 
Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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