OMC autoriza EUA a impor tarifas sobre mercadorias da UE devido a Airbus

Decisão vem após OMC constatar que Boeing e Airbus receberam bilhões de dólares em subsídios ilegais

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Genebra | Reuters

A OMC (Organização Mundial do Comércio) autorizou formalmente os Estados Unidos nesta segunda-feira (14) a impor tarifas sobre até US$ 7,5 bilhões (R$ 30,7 bilhões) em importações de bens da União Europeia, após a decisão de arbitragem sobre um caso envolvendo subsídios à fabricante de aviões Airbus.

O órgão de solução de controvérsias da OMC, composto por representantes de seus 164 membros, autorizou os EUA a tomar medidas contra a União Europeia e os países produtores da Airbus, Reino Unido, França, Alemanha e Espanha.

A autorização foi uma formalidade depois que um árbitro da OMC concedeu aos EUA um direito recorde de retaliação por subsídios ilegais neste mês. O pedido só seria negado se todos os membros da OMC presentes votassem contra. A reunião durou menos de 20 minutos.

O A300 foi o primeiro avião da Airbus e também a primeira aeronave de fuselagem larga com dois motores (naquela época, esse tipo de avião costumava ter quatro). Seu nome era formado pela inicial da fabricante e a capacidade máxima de passageiros segundo o projeto original, depois reduzida para 266 em esquema de duas classes. Ele entrou em operação em 1974, com a Air France, e foi produzido até 2007. Divulgação/Airbus/

A primeira companhia aérea brasileira a operar um Airbus foi a Vasp, que recebeu um A300 em 1980. Além dela, Cruzeiro e Varig voaram com o modelo. Reprodução/

Com o A300 consolidado, a Airbus notou que havia demanda para uma variante menor. Em 1983 entrou em operação o A310, que levava cerca de 220 passageiros em duas classes e foi produzido até 1998. Airbus/Divulgação/

Para substituir o A310, a Airbus desenvolveu o seu primeiro avião de fuselagem estreita, o A320. Ele deu origem a uma família de aeronaves que inclui os irmãos menores A318 e A319, e o maior, A321, cobrindo os mercados de 132 a 220 passageiros. Sua principal inovação foi o sistema fly-by-wire, que automatizou diversos comandos de navegação antes manuais. AFP/

Desenvolvido nos anos 1980, o A330 entrou em operação em 1994 como substituto do A300 original. Mais econômico, ele também incorporou o sistema fly-by-wire introduzido no A320. Divulgação/Airbus

Juntamente do A330, a Airbus desenvolveu o seu primeiro avião com quatro motores, o A340, para rotas de longa distância. Com 75 metros de comprimento, o A340-600 entrou em operação em 2001 e era até então o avião mais longo já construído. Seu objetivo era competir contra o Boeing 747 até a chegada do A380. Reuters/

Projeção de computador mostra o desenho do A380, a aposta da Airbus para superar o icônico Boeing 747 no mercado de aviões para 500 passageiros. Com os primeiros esboços datando do final dos anos 1990, a produção começou em 2003. AFP/

Com dois andares inteiriços, e não apenas na parte dianteira como o 747, o A380 não sofria com problemas de espaço. Isso atraiu companhias aéreas como as do golfo Pérsico, que começavam a focar no mercado de luxo. Georges Gobet/AFP/

Companhias como a Etihad, dos Emirados Árabes, instalaram verdadeiras suítes na primeira classe dos seus A380. Karim Sahib/AFP/

O maior espaço disponível também se fazia notar na classe econômica, como nesta foto do A380 da Singapore Airlines, companhia que estreou o modelo em 2007. AFP/

A Airbus esperava vender 1.200 unidades do A380 em 20 anos. Vendeu pouco menos de 300 aviões. A aposta hub-to-hub, em que grandes aeroportos globais se conectariam com o A380, acabou não se concretizando, em um mercado que diminuiu depois da crise financeira de 2008 e que favoreceu aviões menores e com menor consumo de combustível. Pascal Rossignol/Reuters/

Em fevereiro deste ano, a Airbus anunciou que o último A380 sairá da linha de montagem em 2021. Já é possível ver duas das primeiras unidades, entregues à Singapore em 2007, sendo desmontadas na França para abastecer o mercado de reaproveitamento de peças. Jean Luc Bonnard/Divulgação/

Em meados dos anos 2000, a Airbus começou a trabalhar no A350, que seria inicialmente uma atualização do A330 com modificações nos motores e na aerodinâmica, conforme esta projeção por computador. O projeto, porém, foi mal recebido por clientes. AFP/

Diante da má recepção, a Airbus decidiu começar do zero o projeto do A350, que entrou em operação em 2015. O uso de fibra de carbono em sua fuselagem deixou o modelo mais leve, silencioso e econômico. AFP/Pascal Pavani

Versão maior, o A350-1000 leva até 410 passageiros e será o novo avião premium da Airbus depois que o A380 deixar de ser produzido, em 2021. AFP/Pascal Pavani

O A320neo (new engine option, nova opção de motor) é a geração mais recente do campeão de vendas da Airbus, que entrou em operação em 2016. AFP/Eric Cabanis

Mas as atenções estão voltadas para o A321neo, mais especificamente a versão Long Range (alcance longo). Seus novos motores permitirão que o modelo, de fuselagem estreita, faça voos transatlânticos, segmento em que hoje só operam aviões de fuselagem larga, como A330 e A350. AFP/Eric Piermont

Recentemente, o A330 também foi atualizado. O A330neo entrou em operação em 2018 e recebeu novas asas, motores e a máscara negra que é símbolo do irmão maior, A350. Divulgação/Airbus

A nova aposta da Airbus é a aviação regional, com o A220, novo nome do programa de jatos C-Series da Bombardier, adquirido pelo consórcio europeu em 2017. O modelo pretende disputar a liderança do segmento de 100 a 130 passageiros com a família E2 da Embraer. AFP/Pascal Pavani

O embaixador do comércio norte-americano, Dennis Shea, disse na reunião que os Estados Unidos ainda preferiam uma solução negociada.

"Mas isso só pode acontecer se a UE abolir genuinamente os benefícios para a Airbus vindos dos atuais subsídios e garantir que os subsídios à Airbus não possam ser retomados sob outro nome ou outro mecanismo", disse ele na reunião.

A delegação da UE disse na reunião que tem "sérias preocupações" e que as medidas tarifárias dos EUA são imprudentes.

A OMC constatou que tanto a Airbus quanto sua rival norte-americana Boeing receberam bilhões de dólares em subsídios ilegais em dois casos que já duram 15 anos. É esperado um julgamento sobre caso da Boeing no início de 2020.

Os Estados Unidos disseram que vão impor tarifas de 10% sobre aviões da Airbus e 25% de impostos sobre uma variedade de produtos europeus, incluindo vinho francês, uísques escoceses e queijo de todo o continente.

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