Siga a folha

Descrição de chapéu Folhajus mercado de trabalho

Justiça suspende demissão de 420 empregados da Avibras

Fabricante de sistemas de defesa pediu recuperação judicial em março

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

A Justiça do Trabalho em Jacareí (SP) suspendeu temporariamente a demissão de 420 empregados da Avibras Aeroespacial, considerada a principal fabricante no Brasil de sistemas pesados de defesa. A empresa enfrenta dificuldades financeiras, e entrou com pedido de recuperação judicial em 18 de março.

O pedido para barrar as dispensas foi apresentado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. O número de demitidos equivale a quase um terço dos cerca de 1.500 funcionários da indústria.

Demonstração de lançamento de foguetes fabricados pela Avibras, em Goiás - Marcelo Camargo-21.jul.11/Folhapress

Neste domingo (3), ao conceder a tutela de urgência (decisão provisória e antecipada), o juiz Adhemar Prisco da Cunha Neto considerou um agravante o fato de a empresa ter solicitado recuperação judicial, pois, com isso, as verbas rescisórias não teriam sido pagas.

Cunha Neto escreveu, na decisão, que independentemente do privilégio dado aos pagamentos a trabalhadores nas recuperações judiciais, essa vantagem "de nada adiantará, posto que o sustento, próprio e da família, não pode esperar."

Em dez dias, a empresa deverá comprovar que comunicou o restabelecimento das obrigações contratuais a todos os demitidos, bem como orientações sobre como eles deverão proceder. A reintegração dos funcionários dispensados vale desde o dia em que eles foram demitidos, 18 de março.

Em parecer encaminhado à ação, o Ministério Público do Trabalho disse considerar que já existe um entendimento judicial sedimentado a favor da obrigação de negociação com o sindicato da categoria em caso de demissão em massa.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José divulgou nota dizendo que a decisão foi recebida com emoção pelos trabalhadores. Nesta segunda (4), um grupo de demitidos da Avibras está em Brasília (DF), onde tentam ser recebidos pelo governo federal.

Segundo o pedido apresentado pela Avibras no fórum de Jacareí, onde fica a sede da empresa, o valor total da recuperação é de cerca de R$ 570 milhões. Esta é a terceira vez que a Avibras precisa recorrer à Justiça por problemas de caixa: ela requereu concordata em 1990 e, em 200 8, entrou em recuperação judicial que durou cerca de dois anos.

De acordo com o advogado responsável pelo pedido de recuperação, Nelson Marcondes, do escritório Marcondes Machado, a crise financeira foi causada pela queda no número de contratos durante a pandemia. O advogado foi procurado nesta segunda, mas ainda não respondeu.

Na decisão de domingo, o juiz Cunha Neto diz que a documentação apresentada pela Avibras comprova as dificuldades financeiras da empresa e o impacto da crise sanitária da Covid-19 sobre os negócios, mas que há risco em manter os desligamentos. A empresa poderá ser multada em R$ 100 por dia, por trabalhador, se descumprir a decisão.

Fundada na década de 1960 por um grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), entre eles João Verdi Leite, a empresa cresceu no setor aeroespacial, participando de programas de pesquisa e desenvolvendo produtos para esse segmento.

Atualmente, o carro-chefe é o sistema de lançamento de foguetes Astros-2 e sua versão mais recente, Astros-2020. Mas ela também vende outros produtos, como blindados.

A empresa também tem o Exército brasileiro como cliente, mas como seu principal negócio é a venda de produtos para outros países, a Avibras ficou sem compradores durante a crise sanitária.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas