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Confederação de caminhoneiros autônomos evita greve e segue apostando em diálogo

Paralisação vem sendo defendida há meses por segmentos da categoria em meio a aumentos no diesel

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Alberto Alerigi Jr.
São Paulo | Reuters

A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), entidade que afirma representar 850 mil caminhoneiros do país, manteve nesta quinta-feira (23) posicionamento contrário à realização de uma greve nacional, postura que vem sendo defendida há meses por segmentos da categoria que citam os sucessivos aumentos nos preços do diesel.

Citando a pesquisa contratada pela entidade em cinco pontos do país, incluindo o Porto de Santos, e realizada entre 4 a 18 de abril com mil caminhoneiros, o assessor executivo da CNTA, Marlon Maues, afirmou a jornalistas que "infelizmente, ainda hoje, ecoam nos grupos de WhatsApp falas de pessoas que nunca representaram os caminhoneiros".

Segundo ele, apesar dos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis nos últimos meses, uma convocação de greve da categoria é vista como "ultimo recurso", uma vez que a entidade segue encontrando diálogo com o governo federal.

Posto de combustível na zona leste de São Paulo vende o litro do óleo diesel mais caro do que o da gasolina - Rivaldo Gomes - 23.jun.2022/Folhapress

"Uma paralisação é o último recurso para qualquer categoria pleitear demandas. Enquanto tiver diálogo aberto consistente, a paralisação como houve em 2018 deve ser o último recurso", disse Maues. "Naquela ocasião houve adesão de transportadoras, empresas de ônibus e do agronegócio", acrescentou.

O levantamento divulgado pela CNTA nesta quinta-feira afirma que quase metade (45%) da categoria não conhece a legislação que criou a tabela de pisos mínimos de frete, principal vitória do movimento grevista de maio de 2018 que paralisou o país por cerca de dez dias e que foi apoiado pelo então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro.

"O que vemos hoje sobre caminhoneiro autônomo é uma paralisação técnica, com ele não tendo mais condição de abastecer o caminhão por causa dos aumentos sucessivos. Enquanto outros atores ainda possuem margem para lidar com isso", disse Maues.

Caminhoneiros na Argentina promoveram paralisações nesta semana em protesto contra preços do diesel e escassez do produto. No Brasil, o governo federal discutiu nesta semana iniciativa para conceder aos caminhoneiros um abono de R$ 400, algo que foi considerado como um "desaforo" pela CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística)

O porta-voz da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer, afirmou em vídeo distribuído pela internet que o valor do abono é equivalente a apenas 58 litros de combustível. "O que fará o caminhoneiro com 58 litros de diesel quando seu consumo mensal é muito maior? O que o presidente (Bolsonaro) precisa criar é coragem de enfrentar o problema central e não vir com desabonos, porque isso é migalha", disse Dahmer, defendendo o fim da paridade dos preços da Petrobras com o mercado internacional.

Nesta quinta-feira, o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), afirmou que o chamado "voucher caminhoneiro" poderia chegar a R$ 1.000 por mês.

Maues, da CNTA, reconheceu que leis como a da tabela dos fretes, que tem como objetivo criar um gatilho para reajustar os valores do transporte quando há aumentos nos preços dos combustíveis, "não estão sendo colocadas em prática", mas citou outros benefícios obtidos pela categoria.

"Tínhamos uma situação em 2018 em que nem sequer havia um amparo dessas leis. Os direitos não existiam...De lá para cá o caminhoneiro, apesar de não conhecer seus direitos, conquistou direitos", disse Maues ao ser questionado sobre as diferenças nas posturas da categoria em 2018 e mais recentemente.

O representante da CNTA ainda mencionou como benefícios para a categoria nos últimos meses uma legislação para estimular a renovação de frota de caminhões, flexibilização de pesagens de carga nas estradas, não cobrança de eixo suspenso em pedágios, vale-pedágio e redução de tributos em pneus importados.

"Acreditamos que houve mudanças, mas isso ainda não refletiu diretamente nesta dor que os caminhoneiros sofrem no dia a dia."

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