Siga a folha

Descrição de chapéu Eleições 2022

Kátia Abreu, líder ruralista, pede voto em Lula

Senadora, que já foi ministra de Dilma, ressalta saldo negativo do governo Bolsonaro no campo ambiental

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) divulgou nesta segunda-feira (10) um vídeo em seu perfil no Twitter em que pede voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República, como a única forma de reverter a destruição da imagem ambiental do Brasil no exterior e seus reflexos sobre o agronegócio nacional.

Liderança ruralista, Abreu usou o vídeo para comentar uma decisão tomada em 13 de setembro pelo Parlamento Europeu, que aprovou uma nova lei ambiental proibindo a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas.

A decisão europeia, diz a senadora, foi motivada pelos 13 mil quilômetros quadrados de desmatamento ilegal na Amazônia desde 2019, a partir do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), durante entrevista - Raul Spinassé - 25.fev.21/Folhapress


Ela, que já foi presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e ministra da Agricultura durante o governo de Dilma Rousseff (PT), lembra que a UE é o segundo maior comprador dos produtos agropecuários brasileiros.

"Foram 453 votos a favor e apenas 57 contra. A lei proíbe a importação de qualquer produto oriundo de área em que ocorreu desmatamento —ilegal ou legal. Os principais alvos são a soja e carne bovina, nossos dois principais produtos de exportação", diz a senadora.

O regulamento tem o objetivo de aumentar o controle sobre as importações de carne bovina, óleo de palma, soja, madeira, cacau, café e outros produtos. Para que essas mercadorias sejam comercializadas na União Europeia, as empresas precisarão comprovar que elas não são provenientes de florestas derrubadas ilegalmente.

Após a aprovação do texto, o Parlamento passa a negociar a lei final com os 27 países que fazem parte da União Europeia. O projeto precisa ser aprovado pelos membros do bloco para entrar em vigor.

"A diplomacia brasileira está muito apreensiva, pois a opinião geral é a de que a imagem do Brasil na área ambiental se deteriorou progressivamente no exterior", segue a senadora. "Somos considerados um país irresponsável no que diz respeito às mudanças climáticas. Hoje, este é o verdadeiro risco Brasil", acrescenta ela, ao afirmar que todos os brasileiros pagarão a conta da redução das exportações na balança comercial, caso o Brasil seja atingido pela resolução da UE.


"Votar no Lula não é uma ameaça às nossas fazendas e aos nossos negócios. Neste momento, só ele consegue reverter essa situação caótica", conclui a senadora, ao reforçar o apoio ao candidato do PT.

Uma das faces mais conhecidas da bancada ruralista, Kátia Abreu não conseguiu se reeleger para o Senado pelo Tocantins no último dia 2 de outubro.

Empresária do ramo pecuarista, Abreu foi a primeira mulher a ser eleita senadora pelo seu estado e ficou conhecida também pela forte atuação durante o impeachment de Dilma Rousseff, quando fez uma defesa enfática da ex-presidente.

Ela também se tornou uma voz dissonante nos últimos anos, com o crescimento do apoio de grande parte do agronegócio a Bolsonaro. Apesar de o ex-presidente Lula ter vencido no Tocantins no primeiro turno, com apenas 18,5% dos votos, Abreu perdeu a vaga no Senado para a deputada federal Professora Dorinha (União Brasil).

A senadora agora pode ser uma das pontes do candidato petista com o agronegócio. Lula também prepara uma carta para o setor, na tentativa de virar votos que no primeiro turno foram para Bolsonaro.

A legislação da União Europeia também foi apontada como uma ameaça por Roberto Rodrigues, liderança ruralista que ocupou o ministério da Agricultura durante o primeiro mandato de Lula, em entrevista à BBC News Brasil.

Questionado sobre sua posição no pleito eleitoral, Rodrigues respondeu que não declararia seu voto. Apesar da ligação com o PT, ele elogia o governo Bolsonaro e diz não acreditar que a democracia corra risco.

Independentemente de que for eleito, Rodrigues ressalta que a questão ambiental deve ser priorizada para evitar uma deterioração da imagem do Brasil e, consequentemente, a perda de espaço do país no comércio internacional.

PT busca se aproximar do agro

O PT quer contornar a sensação de que a volta do partido ao Planalto traria riscos para o agro, reforçando que os dois mandatos de Lula foram marcados por um crescimento das exportações de commodities.

A ofensiva por votos junto ao agronegócio neste segundo turno inclui também a participação de Simone Tebet (MDB) na campanha.

A disputa pelo eleitor no campo neste segundo turno é muito acirrada, com a balança pendendo para Bolsonaro, mas o PT acredita ter muitos votos envergonhados nas áreas rurais, que podem contar a favor de Lula com uma abordagem mais eficiente.

Bolsonaro venceu nos estados que são referência em agropecuária, como Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Nessas áreas, o presidente nem precisa fazer campanha quando mira o voto agro e tem especialmente o apoio de grandes produtores.

Lula por sua vez, ficou na frente em Minas Gerais, e áreas que integram as chamadas novas fronteiras agrícola, como Matopiba, que inclui Maranhão, Tocantins e Bahia. O petista conseguiu apoio de alguns grandes produtores, mas tem ao seu lado especialmente os agricultores familiares e os trabalhadores.

O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) também divulgou nesta segunda um vídeo em apoio a Lula, com foco na infraestrutura e voltado para o agronegócio. O vídeo se concentra em obras habitacionais e de infraestrutura entregues por Lula durante sua gestão.

"Bolsonaro não fez nenhuma obra em Mato Grosso, a maior prova da incompetência do presidente Bolsonaro é dada por ele. A ferrovia que vai chegar a Cuiabá e Lucas do Rio Verde não é federal, é obra do governo estadual."

"No caso da BR-163, o presidente foi incompetente ao dar uma solução para a chamada rodovia da morte. Mato Grosso tem memória e sabe quem fez obras e ações em favor do povo e do agronegócio: foi o presidente Lula", diz o senador. Ele cita como exemplos, ações nas BRs 364, 242 e 163.

Veja apoios do agro a Bolsonaro

Wellington Fagundes, deputado federal reeleito pelo PL-MT

  • Uma das principais lideranças do bloco partidário de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado e também expoente da bancada ruralista, Fagundes disse à Reuters que espera que o presidente conquiste a reeleição porque sua diretrizes políticas são as melhores para o Brasil. Ele afirmou, no entanto, que o agronegócio do país é pragmático e vai se adaptar a uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, eleita senadora pelo PP-MS

  • Deputada federal desde 2015, a engenheira agrônoma foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro entre 2019 e 2022 e a principal interlocutora do governo com o agronegócio. Ela ocupará no Senado a partir do ano que vem a vaga que tem hoje Simone Tebet (MDB) como titular. Tebet se licenciou para disputar as eleições presidenciais e deixará o cargo em fevereiro, quando Tereza assumirá a vaga.

Oscar Luiz Cervi, produtor rural

  • Dono de fazendas de soja, milho e algodão, Cervi foi o maior doador à campanha de Bolsonaro. Ele direcionou R$ 1 milhão à tentativa de reeleição do presidente. Nascido no Rio Grande do Sul, Cervi é radicado em Mato Grosso do Sul há cerca de 40 anos.

Antônio Galvan, ex-presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja)

  • Candidato derrotado a uma vaga no Senado pelo PTB de Mato Grosso, Galvan foi alvo de operação da PF por suposta divulgação de fake news junto com o cantor Sérgio Reis e esteve ao lado do presidente Bolsonaro no 7 de Setembro em Brasília, apesar da determinação do STF para não se aproximar da Praça dos Três Poderes.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas