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Opep+ aprova corte profundo na produção de petróleo, apesar da pressão dos EUA

Medida pode estimular recuperação nos preços

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Ahmad Ghaddar Alex Lawler Rowena Edwards
Viena e Londres | Reuters

A Opep+ concordou nesta quarta-feira (5) com o seu corte mais profundo na produção de petróleo desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020, restringindo a oferta em um mercado apertado apesar da pressão dos Estados Unidos e de outros por mais produção.

Em reunião em Viena, o grupo decidiu cortar a produção de petróleo de dois milhões de barris por dia, segundo fontes disseram à Reuters.

O corte pode estimular uma recuperação nos preços do petróleo que caiu para cerca de US$ 90 (R$ 469), de US$ 120 (R$ 626) três meses atrás, por temores de um recessão econômica global, aumento das taxas de juros dos EUA e um dólar mais forte.

Entrevista coletiva com representantes após a reunião da Opep+ em Viena, Áustria - Vladimir Simicek/AFP

Fontes disseram que ainda não está claro se os cortes podem incluir reduções voluntárias adicionais por membros como Arábia Saudita ou se poderiam incluir a subprodução existente pelo grupo.

Os Estados Unidos pressionaram a Opep a não prosseguir com os cortes, argumentando que os fundamentos não os sustentam, disse uma fonte familiarizada com o assunto.

"Pode haver mais reações políticas dos EUA, incluindo lançamentos adicionais de estoques estratégicos, juntamente com alguns curingas, incluindo a promoção de um projeto de lei NOPEC", disse o Citi, referindo-se a um projeto de lei antitruste dos EUA contra a Opep.

O JPMorgan também disse esperar que Washington implemente contramedidas liberando mais estoques de petróleo.

PREÇOS SOBEM

Os preços do petróleo subiram nesta quarta-feira (5) para máximas de três semanas após o anúncio dos cortes. O Brent subiu US$ 1,57, ou 1,7%, para US$ 93,37 o barril, após o pico de US$ 93,96 dólares, a maior cotação desde 15 de setembro.

O petróleo WTI, dos EUA, ganhou US$ 1,24, ou 1,4%, para US$ 87,76 o barril. Chegou a US$ 88,42 por barril durante a sessão, também o maior patamar desde 15 de setembro.

A Opep+, incluindo a Rússia, disse que procura evitar volatilidade em vez de visar um determinado preço do petróleo.

O Ocidente acusou a Rússia de usar a energia como arma, criando uma crise na Europa que poderia desencadear racionamento de gás neste inverno.

Moscou acusa o Ocidente de usar o dólar como arma e sistemas financeiros, como Swift, em retaliação à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Parte da razão pela qual Washington quer preços mais baixos do petróleo é privar Moscou da receita do petróleo, enquanto a Arábia Saudita não condenou as ações de Moscou.

Controle sobre os preços

A alta dos preços do combustível já prejudicou politicamente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, neste ano, mas o democrata vê como limitada sua capacidade de combatê-la.

A Casa Branca anunciou que, para amortizar o aumento dos preços, os Estados unidos "colocarão no mercado no próximo mês 10 milhões de barris" de petróleo da Reserva Estratégica do país.

Mas essas reservas estão se esgotando rapidamente após as retiradas recorde ordenadas pelo governo desde março, ao ponto de atingirem seu nível mais baixo desde julho de 1984.

De acordo com o comunicado, Biden orientou o Departamento de Energia a "examinar qualquer outra ação responsável por continuar aumentando a produção doméstica". O governo "consultará o Congresso sobre ferramentas e mecanismos adicionais para reduzir o controle da Opep sobre os preços da energia".

Andy Lipow, da Lipow Oil Associates, acredita que a decisão da aliança petrolífera demonstra "a diminuição da influência dos Estados Unidos na Opep para manter um suprimento adequado de petróleo".

"Os Estados Unidos não podem usar suas reservas estratégicas indefinidamente", continuou Lipow. "Elas vão acabar se esgotando, e a Opep sabe disso. É preciso ter um plano, mas o governo americano não se adaptou".

Segundo Lipow, a única solução é extrair mais petróleo nos Estados Unidos.

Isso, contudo, iria contra as prioridades climáticas de Biden e seus esforços para afastar o país do petróleo e do gás e aproximá-lo das energias limpas.

"O anúncio de hoje é um lembrete de por que é tão importante que os Estados Unidos reduzam sua dependência de fontes estrangeiras de combustíveis fósseis", disse a Casa Branca.

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