Investimento privado em infraestrutura é o maior em 20 anos, enquanto setor público patina
Estudo mostra que valores totais estão 21% abaixo do nível de 2014
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Os investimentos privados em infraestrutura no Brasil atingiram patamares recordes em 2022, enquanto a atuação do setor público segue aquém do verificado em meados da década passada.
De acordo com o Livro Azul da Infraestrutura, divulgado nesta quarta-feira (30) pela Abdib (associação do setor), os investimentos do setor privado na área no Brasil atingiram R$ 131 bilhões neste ano, o maior da série iniciada em 2003, em valores atualizados.
O setor público, considerando todas as esferas, investiu R$ 31,9 bilhões, segundo pior resultado desde 2006, atrás apenas dos R$ 29 bilhões de 2021.
O investimento total atingiu o maior patamar em sete anos, mas ainda está 21% abaixo do recorde verificado em 2014.
Os recursos para infraestrutura estão atualmente em torno de 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto), diante de uma necessidade da ordem de 4,3% do PIB, cerca de R$ 230 bilhões ao ano, segundo estimativa da entidade.
Roberto Guimarães, diretor de Planejamento e Economia da Abdib, afirma que, atualmente, há 432 projetos e iniciativas no país que podem gerar investimentos de R$ 544 bilhões. Desse total, 179 projetos já estão sendo lançados e podem injetar R$ 173 bilhões na economia nos próximos cinco anos.
"Eles são insuficientes para o que o Brasil precisa, mas já são um bom caminho", afirma Guimarães.
Ele diz que o país não pode contar apenas com o dinheiro privado nessa área, pois muitos projetos não são financeiramente viáveis, como a manutenção de diversas rodovias pelo país.
"Nos últimos dois anos o investimento privado deu uma boa recuperada, mas o público está bem baixo. Deveríamos ter ambos crescendo, um complementar ao outro."
Desde 2014, o investimento privado cresceu 4,3% em termos reais (descontada a inflação), enquanto o público recuou 61%, diante das restrições fiscais, como a regra do teto de gastos.
Os maiores gargalos atualmente estão em transportes e logística e saneamento básico, enquanto os segmentos de energia e telecomunicações estão mais próximos do patamar necessário.
Em transportes, há necessidade de investir anualmente 2,26% do PIB, mas o investimento atingiu 0,35% em 2021, juntando investimentos públicos e privados. Em saneamento básico, é necessário investir por ano 0,45% do PIB, diz a entidade, mas o valor aplicado somou apenas 0,20%.
De acordo com o Livro Azul, o Brasil possui um estoque de infraestrutura em relação ao PIB de cerca de 34%, enquanto economias como Índia e China estão no patamar de 58% e 76% do PIB, respectivamente.
Guimarães cita como exemplo a questão das rodovias. O Brasil tem uma malha de 1,7 milhão de quilômetros, pouco superior à do Japão (1,2 milhões) —um país de dimensões bem mais reduzidas—, e inferior aos 6 milhões dos EUA, que também é um país de tamanho continental.
A entidade destaca que, diante das restrições fiscais, praticamente todos os estados e vários municípios têm hoje programa de parceria e concessões para atrair a iniciativa privada. No atual governo, foram efetuados 172 leilões federais, com geração de R$ 179 bilhões em outorgas e expectativa de mais de R$ 922 bilhões de investimentos nos próximos anos.
A Abdib também destaca as reformas regulatórias aprovadas pelo Congresso Nacional para dar mais estabilidade, segurança jurídica e atratividade ao capital privado em diversos setores, como saneamento básico, gás natural, transporte de cargas por diversos modais e telecomunicações.
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