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Aposentados do INSS ficam de fora das discussões sobre o salário mínimo e abrem crise entre sindicatos

Salário mínimo é também piso das aposentadorias e pensões do INSS

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São Paulo

Entidades que representam aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) têm ficado de fora das discussões sobre o novo modelo de reajuste do salário mínimo e, consequentemente, o valor que será pago.

O salário mínimo, hoje em 1.302, deve ser reajustado para R$ 1.320 a partir de 1º de maio, atendendo compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) firmado com sindicatos, incluindo os de aposentados.

Salário mínimo vai subir de R$ 1.302 para R$ 1.320 e deve ter nova fórmula de reajuste - Gabriel Cabral/Folhapress

Uma nova fórmula de reajuste está em debate no Ministério do Trabalho e Emprego. Reuniões estão sendo realizadas com a centrais sindicais e outros ministérios, mas, até agora, segundo representantes de aposentados e pensionistas do INSS, a categoria ainda não participou dos debates presenciais.

João Inocentini, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), afirma que chegou a ser convidado para uma das reuniões, realizada na semana passada, mas que o convite chegou após o fim do expediente de uma sexta-feira, com reunião marcada para a manhã de segunda, sem que os sindicalistas conseguissem se organizar para ir à Brasília.

A confusão provocou dissidência entre o Sindnapi e a Força Sindical, central à qual o sindicato era coligado. Nesta terça-feira (11), reunião da diretoria votou pelo desligamento temporário entre a entidade e a Força, e pela suspensão dos repasses mensais.

Para Inocentini, os aposentados e pensionistas são público expressivo que recebe o salário mínimo e precisam ser ouvidos. Dados do Sindnapi são de que entre 26 e 27 milhões dos quase 37 milhões de beneficiários da Previdência Social ganham hoje o piso nacional.

"Metade do público que recebe salário mínimo no país é de aposentados", diz. Segundo ele, o sindicato também tem um estudo para apresentar ao Ministério do Trabalho. Inocentini afirma que deve participar da reunião que será realizada na próxima semana, e aguarda convite com antecedência por parte do ministério.

"Nós queremos recuperar o salário mínimo. As melhores épocas de nosso país foram quando o salário mínimo era melhor: em 45 e 46, nos anos 60, anos 80 e nos governos Lula e Dilma. Gerava renda, ajudava municípios, era dinheiro circulando. O dinheiro tem que estar na mão do povo, que compra e movimenta a economia", afirma.

Warley Martins, presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados Pensionistas e Idosos), também diz não ter sido convidado para os debates. "Não nos convidaram, estamos sabendo só pela imprensa", afirma.

Além dos estudos sobre o salário mínimo, Inocentini pretende levar à Brasília levantamento sobre o custo dos medicamentos, que tem onerado os aposentados. Desde 31 de março, os remédios estão 5,6% mais caros no país.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, nega falta de participação dos aposentados. "Eles estão no grupo. Têm que participar sim, é importantíssimo", afirma. O sindicalista diz que a reunião da semana passada avançou em dois pontos importantes: todos concordam que o mínimo está defasado e que deve haver uma nova fórmula de reajuste.

Houve, porém, divergência quanto ao valor. As centrais querem R$ 1.381 para repor as perdas deixadas pelo governo Bolsonaro. A fórmula defendida hoje é a retomada do modelo que foi aplicado nos governos Lula e Dilma, que vigorou de 2007 a 2019, e considera a inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.

No entanto, a categoria quer repor 5,8% a mais, que seriam as perdas, parceladamente até 2026. "O que estamos justificando é que, desde quando foi criado o salário mínimo, em 1940, o poder de compra está menos de 50% do que era na época."

A nova fórmula vigoraria por 30 anos. Pela proposta, nos próximos três anos, o salário mínimo seria reajustado em mais 2,4% ao ano, além da inflação do período medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e da variação do PIB (Produto Interno Bruno).

Aplicada como fruto de um acordo entre as centrais e o governo Lula em 2007, essa regra foi convertida em lei em 2015 com vigência até 2019. Em 2020, o governo Bolsonaro passou a corrigir o salário mínimo pela inflação, como diz a Constituição.

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