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Descrição de chapéu maternidade

Ex-funcionária de resseguradora recebe 1,3 mi de libras em processo por discriminação sexual

A indenização é uma das maiores já concedidas por assédio na City de Londres

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Ian Smith
Financial Times

Uma ex-subscritora da Swiss Re, cujo superior hierárquico fez comentários obscenos sobre seu corpo e especulou sobre sua vida sexual, conseguiu 1,3 milhão de libras em indenização em um tribunal trabalhista do Reino Unido.

A indenização está entre as maiores já concedidas por discriminação sexual em uma empresa da City (o setor financeiro londrino).

É mais uma marca negativa contra o setor de seguros especializados de Londres, no qual centenas de pessoas reportaram assédio sexual nos últimos anos, em um mercado dominado por homens e que vem enfrentando dificuldades para se livrar da reputação de comportamento chauvinista.

Logo da Swiss Re, um dos maiores grupos de resseguradoras do mundo. - AFP/Fabrice Coffrini

Julia Sommer, que trabalhou em Londres como subscritora de riscos políticos para o grupo de seguros e resseguros sediado em Zurique, até ser demitida dois anos atrás, teve suas queixas de discriminação sexual, discriminação relacionada à maternidade e assédio sexual parcialmente aceitas pelo tribunal, que decidiu em seu favor no ano passado.

Os juízes aceitaram que Robert Llewellyn, então diretor internacional da equipe de risco político e crédito comercial da Swiss Re, havia dito a Sommer em 2017: "Aposto que você gosta de ficar por cima na cama" e "se eu tivesse seios como os seus, também seria exigente".

Llewellyn negou ter feito esses comentários e, em contrapartida, afirmou que Sommer havia feito declarações depreciativas sobre seu relacionamento com o marido, inclusive que ela estava procurando um "relacionamento aberto".

O marido de Sommer, que a representou no tribunal, definiu essas afirmações como "falsas, inflamatórias e escandalosas" e disse que o casal estava tentando começar uma família naquela época, de acordo com documentos judiciais.

Os juízes concluíram que Llewellyn havia "exagerado" outra declaração feita pela queixosa sobre ter uma personalidade aberta, transformando-a em "uma afirmação que, segundo constatamos, tinha o objetivo de denegrir a queixosa e minar as provas oferecidas por ela".

O tribunal também decidiu que em outra ocasião –na qual Sommer foi instruída a "calar a boca" e a assumir "um papel mais submisso"— ela não teria recebido o mesmo tratamento caso fosse homem.

"A linguagem se baseou em como ele achava que a reclamante deveria se comportar, em sua posição de subscritora júnior do sexo feminino; ele não teria [tido] uma visão semelhante sobre um subscritor do sexo masculino", o tribunal afirmou. No entanto, o tribunal também rejeitou outras queixas de vitimização e remuneração desigual.

A Swiss Re disse que estava "ciente desse veredito, que é autoexplicativo e ao qual demos consideração cuidadosa".

Llewellyn, que terminou deixando seu posto na Swiss Re, não pôde ser contatado para comentar. Sommer não quis comentar.

No ano passado, uma ex-funcionária do banco BNP Paribas —que reclamou por um chapéu de bruxa ter sido colocado em sua mesa após uma noite de bebedeira– recebeu 2 milhões de libras em indenização depois que os juízes decidiram que o banco francês a havia discriminado injustamente por causa de seu gênero.

Tradução de Paulo Migliacci

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