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Dólar e Bolsa fecham em alta, com decisões de juros nos EUA e no Brasil em foco

Investidores ainda avaliaram decisão de política monetária do Japão, motivo de pressão para moedas de mercados emergentes

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São Paulo

O dólar fechou em alta de 0,64% nesta quarta-feira (31), cotado a R$ 5,653, com todas as atenções do mercado voltadas às reuniões de política monetária do BC (Banco Central) e do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

Já a Bolsa avançou 1,20%, aos 127.651 pontos. O Ibovespa foi apoiado pelo avanço dos papéis da Vale e da Petrobras, em dia de valorização do minério de ferro e do petróleo no exterior.

Investidores aguardam anúncios dos juros no Brasil e nos EUA - Reuters

A "Super Quarta" —jargão dos mercados para quando há decisões de juros do Brasil e dos Estados Unidos no mesmo dia— não trouxe grandes surpresas aos investidores.

Confirmando a expectativa, o Fed manteve a taxa de juros de referência inalterada na faixa de 5,25% e 5,5%. No comunicado, a autarquia abriu espaço para interpretações de que o ciclo de afrouxamento monetário poderá ter início na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro, à medida que a inflação continua convergindo à meta de 2%.

Segundo o Fed, os preços agora estão apenas "um pouco elevados", a primeira suavização na linguagem desde que o banco central deu início à batalha contra a inflação, classificada como "elevada" nos últimos comunicados.

A autarquia usa o PCE (índice de preços de gastos com consumo, em inglês) para sua meta de inflação anual de 2%. O índice subiu 2,5% em junho, depois de ultrapassar 7% em 2022.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o comunicado "não foi explícito" em sinalizações sobre futuras reuniões, mas "abriu muito a possibilidade de um corte em setembro, a partir dos dados monitorados pelo Fed".

"Temos um processo de desinflação acelerado, e, ao mesmo tempo, a percepção de que a própria atividade econômica está desacelerando. Se os juros não caírem em setembro, certamente cairão nas outras duas reuniões do ano", afirma.

"A discussão agora é sobre os efeitos da taxa de juros elevada sobre a economia, com riscos de recessão depois do início da queda de juros."

Em entrevista a jornalistas após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o comitê "não tomou decisão nenhuma sobre reuniões futuras". No entanto, acrescentou que, como a autarquia tem ganhado confiança de que as pressões sobre os preços estão mais moderadas, "a economia está se aproximando do ponto em que será apropriado reduzir nossa taxa de juros".

Economistas do Bradesco avaliam que, a não ser que haja alguma grande surpresa negativa nos dados de inflação, um corte em setembro é provável.

"Não houve qualquer esforço de Powell em rebater a ideia do corte na próxima reunião durante as perguntas, tampouco em desenhar um 'skip'. Nesse sentido, o cenário de três cortes começa a ser precificado no mercado", avaliam.

Uma taxa alta nos Estados Unidos, tidos como a economia mais segura do mundo, desestimula investimentos em ativos de risco por puxar os investidores à renda fixa norte-americana (os chamados Treasuries, títulos ligados ao Tesouro dos EUA).

Isso significa que, quanto mais o banco central norte-americano cortar os juros, melhor para o real e outras moedas emergentes. O dólar, após a divulgação da decisão do Fed, passou a desacelerar alta e a se afastar das máximas da sessão, de R$ 5,685 (+1,36%).

No exterior, as Bolsas norte-americanas subiram com a expectativa de corte em setembro. O S&P 500 avançou 1,58%, enquanto a Nasdaq teve ganhos de 2,64% e o Dow Jones, de 0,24%.

Quanto aos juros do Brasil, o Copom também confirmou a expectativa de analistas consultados pela Folha, que previam a manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano e um comunicado mais duro por parte do Copom (Comitê de Política Monetária), com pressão da deterioração do cenário econômico, da cena fiscal e da desancoragem de expectativas para a inflação.

A decisão foi unânime, com alinhamento dos votos dos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo Gabriel Galípolo –favorito a assumir o comando da instituição em 2025–, ao do atual chefe do BC, Roberto Campos Neto.

Ao justificar a opção por manter a taxa de juros inalterada, o Copom enfatizou a necessidade de "maior vigilância" e destacou que as conjunturas doméstica e internacional demandam um "acompanhamento diligente e ainda maior cautela".

No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação para 2024 subiram de 4% para 4,2% e, para 2025, tiveram alta de 3,4% para 3,6%.

A previsão vem na esteira dos últimos dados de inflação medidos pelo IPCA-15, que, pelo período de coleta, funciona como uma espécie de prévia do indicador oficial. Apesar de terem desacelerado em relação ao mês anterior, os preços subiram mais do que o esperado, a 0,30%, com a taxa de 12 meses batendo 4,45%.

O BC trabalha com a meta de inflação em 3%, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para cima e para baixo.

Ainda foi destaque a decisão do Banco do Japão em aumentar a taxa de juros para 0,25%, o maior valor a curto prazo em 16 anos.

A especulação sobre um aperto monetário no país valorizou o iene na semana passada, gerando pressão sobre as moedas de mercados emergentes.

Um iene valorizado ante o dólar e a possibilidade de diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos levam investidores a reverter operações de "carry trade", isto é, quando tomam ativos em locais com juros baixos para rentabilizar em outros com juros mais altos. Isso provoca uma fuga de capitais de emergentes, como o real, para sustentar essa reversão no mercado japonês. Nesta sessão, o dólar tinha queda de 1,75% em relação ao iene, a 150,08.

Outro elemento que influenciou a sessão foi a disputa entre comprados (investidores que apostam na alta das cotações) e vendidos (posicionados na baixa) pela formação da taxa Ptax de fim de mês.

Taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. Com isso, agentes financeiros fecham contratos de câmbio já para o próximo mês, o que, por conta de incertezas do cenário doméstico e internacional, pode fazer com que a cotação do dólar suba.

Na cena corporativa, o Ibovespa foi apoiado por fortes ganhos da Vale e da Petrobras, ambas em linha com a valorização do minério de ferro e do petróleo no mercado externo. A mineradora subiu 2,34%, e os papéis preferenciais e ordinários da petroleira avançaram 2,07% e 2,71%.

Weg liderou os ganhos, a 10,47%, seguida por TIM (6,84%) e Eletrobras (4,16%).

Já na ponta negativa, Hypera perdeu 2,47%, seguida por JBS (2,43%), Rede D'or (2,06%) e Marfrig (1,91%).

Na terça-feira (30), o dólar fechou em queda de 0,13%, cotado a R$ 5,617, e a Bolsa perdeu 0,64%, aos 126.139 pontos.

Com Reuters

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