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Com Selic a 10,5%, veja os investimentos recomendados por especialistas

BC manteve a taxa básica de juros nesta quarta (31), confira como fica a renda fixa

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São Paulo

A decisão do Banco Central de manter a Selic a 10,50%, divulgada nesta quarta (31), e a perspectiva de alta na taxa básica de juros no curto prazo fazem com que os investimentos de renda fixa mantenham sua vantagem, segundo especialistas.

Além dos investimentos pós-fixados, que acompanham a Selic, alguns produtos de juros prefixados e aqueles que acompanham a inflação também têm rentabilidades atrativas, diz Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP. "O momento de taxas mais altas é super propício para a renda fixa, mas é preciso cuidado na escolha."

 Diversas cédulas de real
Com a Selic a 10,50%, a estimativa do mercado é de juro real acima de 6% nos próximos meses - Gabriel Cabral/Folhapress

De acordo com Mayara, títulos prefixados com vencimento em até dois anos podem ser bons complementos nas carteiras de investidores menos conservadores. Isso porque seus preços oscilam diariamente, o que pode assustar quem olha a tela da corretora. Se o investidor mantiver o dinheiro aplicado até o vencimento, porém, a rentabilidade será exatamente aquela contratada no momento de compra.

Atualmente, o título prefixado do Tesouro Direto com vencimento em janeiro de 2026 rende 11,19% ao ano. Já o prefixado para 2027 está com remuneração de 11,88%.

Segundo o boletim Focus, a expectativa de economistas é de queda da Selic até 9% em dois anos, o que deixa os títulos aparentemente atrativos. Porém, a perspectiva é que a previsão para a Selic mude, com juros maiores no próximo ano, o que poderia deixar o investidor preso a um produto de rentabilidade menor.

A curva de juros futuros, que reflete a precificação de investidores de contratos que irão vencer nos próximos anos, indica um juro de 11,60% em janeiro de 2026 e de 11,82% em 2027.

"A curva não está dando trégua, cobrando um prêmio pelas incertezas", diz Isabel Lemos, gestora de renda variável do Fator Gestão.

A especialista cita o risco fiscal e inflacionário como os grandes fatores de preocupação do momento, com a alta de 15,8% do dólar neste ano alavancando os preços e a percepção do mercado que o congelamento de R$ 15 bilhões feito pelo governo Lula não será suficiente para cumprir o arcabouço fiscal.

"Ao mesmo tempo, o governo tem dado sinais de que irá cumprir o arcabouço, mostrando uma visão mais positiva para o fiscal, o que pode gerar alívio", diz Isabel.

Em discurso na TV aberta no último domingo (28), o presidente Lula disse que não abrirá mão da responsabilidade fiscal.

Há algumas semanas, os economistas vêm aumentando, de forma consecutiva, a estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano e de 2025. Atualmente, as apostas são de 4,10% e 3,96%, respectivamente, perto do teto de tolerância da meta, de 4,5% ao ano.

"Estamos em um momento de visibilidade baixa, com os ativos muito influenciados pelo que acontece em Brasília. É uma boa hora para continuar na renda fixa, mesmo com a recente alta da Bolsa", afirma Luis Garcia, diretor da SulAmérica Investimentos.

O especialista indica a maior concentração da carteira em ativos pós-fixados, especialmente com o juro real acima de 6%.

Já os títulos que combinam juros prefixados e a variação da inflação, os chamados IPCA+, são indicados para investimentos de médio a longo prazo.

Segundo Mayara, o investidor deve priorizar títulos com vencimentos entre cinco e seis anos. O título do tesouro IPCA+ (NTN-B) com vencimento em 2029 rende, atualmente, IPCA + 6,31% ao ano.

Para títulos privados com a mesma característica, a analista indica aqueles com rentabilidades que sejam de 0,55 ponto percentual acima da NTN-B equivalente, dado o risco mais elevado de calote.

Além da comparação entre produtos, é importante levar em conta a incidência do Imposto de Renda, de, no mínimo 15%, no caso de investimentos acima de 720 dias, de acordo com a tabela regressiva.

Esse é um dos fatores pelos quais as LCA e LCI (letras de crédito do agronegócio e imobiliário) e debêntures incentivadas pagam menos juros, pois são isentas do IR.

Nesse caso, Mayara aconselha a compra dos títulos isentos com rentabilidade atrelada ao IPCA. "São uma aposta nossa."

RENDA VARIÁVEL

Apesar da trajetória dos juros ser incerta, Isabel, do Fator, enxerga o momento como uma boa oportunidade de entrada em ações para os investidores mais arrojados, cuja carteira absorve a tomada de risco.

"Dado o patamar da Bolsa, pode ser a hora de reduzir o percentual de renda fixa e aumentar o de variável na carteira, preservando o perfil de investidor. Poder ser a hora de começar a alocar, mas tem que tomar cuidado, olhar no detalhe [escolher bem]", diz a especialista.

Mesmo com a recuperação de julho, o Ibovespa tem uma queda de 4% em 2024 e ativos com o preço em relação ao lucro projetado abaixo da média histórica.

Nesse cenário, Isabel recomenda ações de companhias dos setores industrial, imobiliário e de transporte, com maior potencial de retorno no médio a longo prazo.

QUANTO RENDE A POUPANÇA?

Diferentemente de outros produtos de renda fixa, a poupança tem a sua rentabilidade pré-definida. No momento, por lei, ela rende 6,17% + TR (Taxa Referencial) ao ano, o que deve totalizar 7,06% nos próximos 12 meses, projeta Rafael Haddad, analista do C6 Bank, com uma TR de 1,23%.

Considerando a inflação, ele estima um ganho líquido real de 3,22% no mesmo período —o investimento é isento do IR. Dessa forma, o dinheiro da poupança não deve se desvalorizar, mas há outros produtos de renda fixa mais rentáveis e com liquidez semelhante, como o Tesouro Selic, que rende Selic + 0,08% ao ano.

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